Os aeroportos
03-07-2022 - 00:34
 • José Bastos

José Alberto Lemos, Nuno Botelho e Carvalho da Silva na análise da crise política com epicentro em Pedro Nuno Santos e cimeiras da NATO e dos Oceanos.

Os contornos essenciais do incidente político do ano resumem-se assim: na quarta-feira, o ministro Pedro Nuno Santos publicou um despacho, aparentemente sem informar António Costa, a prever uma nova solução aeroportuária para Lisboa. Em causa, a construção de dois aeroportos, um no Montijo até 2026 e outro em Alcochete em 2035.

Na resposta o primeiro-ministro emitiu um comunicado a informar a revogação do despacho, desautorizando em toda a linha Pedro Nuno Santos. António Costa defendeu que a solução deve ser negociada e consensualizada com a oposição, em particular com o maior partido e, em circunstância alguma deve avançar sem a devida informação prévia ao presidente da República.

De recordar que já na semana passada, o primeiro-ministro havia dito no parlamento que iria aguardar pela posição do novo presidente eleito do PSD, Luís Montenegro – que esta tarde assume formalmente a liderança no Congresso do Palácio de Cristal – antes de avançar com uma solução final para o aeroporto.

A sequência do mais bizarro incidente político em muito anos também é conhecida. Pedro Nuno Santos acabou por não se demitir, lamentou o que disse terem sido os erros cometidos e assumiu inteira responsabilidade por “falhas de comunicação”. Já António Costa fez questão de sinalizar os erros graves cometidos pelo polémico ministro nascido em São João da Madeira, mas aceitou a sua continuidade no governo.

Um ministro que anuncia uma ‘obra de regime’ e 24 horas depois pede desculpa por o ter feito deixa de ser um ativo político? Sempre que se dirigir ao país, ou a agentes económicos, como ignorar este dado? Que lições ficam sobre as práticas de políticas públicas neste governo? O tema do aeroporto coloca em evidência a incapacidade de planeamento e previsão do executivo de maioria socialista?

A análise a estas questões e à Cimeira da NATO em Madrid e à Cimeira dos Oceanos em Lisboa é de Nuno Botelho, líder da ACP Câmara de Comércio e Indústria, Carvalho da Silva, professor do CES e do jornalista José Alberto Lemos.