Operação Miríade. Gabinete de Guterres considera "preocupantes" suspeitas sobre a missão portuguesa na RCA
12-11-2021 - 15:59
 • Pedro Mesquita , Inês Rocha , Cristina Nascimento , Sérgio Costa com redação

Missão da ONU soube do caso pelos jornais, classifica de graves as denúncias e diz estar disponível para colaborar com as autoridades portuguesas.

O gabinete do secretário-geral das Nações Unidas classifica como "preocupantes" as suspeitas, conhecidas "tal como são reportadas na imprensa", sobre o alegado caso de tráfico a envolver militares portugueses na Republica Centro-Africana.

Numa nota enviada em resposta a questões da Renascença, o gabinete de António Guterres garante, ainda, que as Nações Unidas estão "a acompanhar de muito perto e em contacto com as autoridades portuguesas", reafirmando disponibilidade para cooperar com a investigação nacional, dentro dos enquadramentos legais possíveis.garante, ainda, que as Nações Unidas estão a acompanhar de muito perto e em contacto com as autoridades nacionais. A ONU reafirma disponibilidade para cooperar com a investigação nacional, dentro dos enquadramentos legais possíveis.

Recordo que já esta sexta-feira, a missão das Nações Unidas na República Centro-Africana garantia ter tido conhecimento do caso apenas no passado dia 8, e através dos jornais.A missão das Nações Unidas (ONU) na República Centro-Africana garante ter tido conhecimento do caso de alegado tráfico com militares portugueses apenas no passado dia 8, segunda-feira, e através dos jornais.

A indicação foi avançada numa conferência de imprensa cujo conteúdo está resumido num comunicado da própria missão a que a Renascença teve acesso.

A MINUSCA, missão da ONU na República Centro-Africana, classifica de graves as denúncias e diz estar disponível para colaborar com as autoridades portuguesas, de resto, em linha com o gabinete de António Guterres, na sede das Nações Unidas, em Nova Iorque.

A MINUSCA diz ter tido conhecimento do caso esta segunda-feira depois do ministro da Defesa garantir ter informado as Nações Unidas das suspeitas de tráfico que recaíam sobre alguns militares portugueses no início de 2020.

Na segunda-feira, em declarações à agência Lusa, o ministro da Defesa, João Gomes Cravinho garantia que tinha informado a ONU de que "a denúncia tinha ocorrido, que o assunto tinha sido encaminhado para as nossas autoridades judiciais e que todos os elementos pertinentes tinham sido entregues para investigação judiciária. E também, naturalmente, que os militares sob suspeita já não estavam na RCA e que portanto podiam ter toda a confiança em relação às nossas Forças Armadas como sempre tiveram".

Perante esta aparente contradição de versões, a Renascença já pediu esclarecimentos ao Ministério da Defesa, mas ainda não obteve resposta.

A Polícia Judiciária (PJ) confirmou na última segunda-feira a execução de 100 mandados de busca e 10 detenções no âmbito da Operação Miríade, na sequência de um inquérito dirigido pelo Departamento de Investigação e Ação Penal de Lisbo

Em causa está a investigação a uma rede criminosa com ligações internacionais e que "se dedica a obter proveitos ilícitos através de contrabando de diamantes e ouro, tráfico de estupefacientes, contrafação e passagem de moeda falsa, acessos ilegítimos e burlas informáticas", com vista ao branqueamento de capitais.

Em comunicado, o Estado-Maior-General das Forças Armadas (EMGFA) revelou que alguns militares portugueses em missões na República Centro-Africana podem ter sido utilizados como "correios no tráfego de diamantes, adiantando que o caso foi reportado em 2019.

Para o EMGFA, "o que está em causa de momento é a possibilidade de alguns militares que participaram nas FND [Força Nacional Destacada], na RCA, terem sido utilizados como correios no tráfego de diamantes, ouro e estupefacientes" e que "estes produtos foram alegadamente transportados nas aeronaves de regresso das FND a território nacional".

[notícia atualizada às 01h42]