PSD quer ministro da Cultura no Parlamento para explicar demissão no CCB
01-03-2016 - 11:54

João Soares já tinha afirmado que iria demitir o presidente do Centro Cultural de Belém, e na segunda-feira, tal como prometido, exonerou António Lamas para dar lugar a Elísio Summavielle.

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O PSD vai chamar o ministro da Cultura, João Soares, ao Parlamento para esclarecer a substituição da liderança do Centro Cultural de Belém (CCB). O vice-presidente do PSD, Sérgio Azevedo, afirmou esta terça-feira à Renascença que o processo de exoneração de António Lamas, substituído por Elísio Summavielle, ex-director-geral do Património Cultural, suscita dúvidas aos sociais-democratas.

“O único facto é que é demitida uma personalidade para uma imediata nomeação de uma pessoa próxima do ministro da Cultura, e é público que são próximos. Isto é uma evidência, não estou a fazer nenhuma suposição”, aponta Sérgio Azevedo. “Até chegou a ser candidato autárquico nas últimas eleições, é próximo do PS, foi secretário de Estado do PS.”

“[António Lamas] foi demitido e substituído praticamente no mesmo dia. Nesse sentido, também não ficámos satisfeitos. Vamos entregar um requerimento em sede parlamentar para uma audição do ministro da Cultura para tentar explicar este processo, [já que] não o conseguiu fazer no debate do Orçamento do Estado”, conclui o vice-presidente social-democrata.

BE queria concurso internacional

Na mesma linha, o deputado do CDS, Hélder Amaral, considerou "anormal" e "pouco correcta do ponto de vista institucional" a forma como António Lamas foi afastado do cargo: "Não nos parece normal e correcto que uma demissão seja feita com recados e via imprensa".

"Da parte do PS estes comportamentos são frequentes e não fica nada bem à imagem da democracia e da governação", acrescentou o deputado centrista.

Já para Gabriela Canavilhas, deputada socialista, a substituição de António Lamas no cargo fez sentido depois do ministro da Cultura ter feito uma análise que detectou "erros e falhas que deviam ter consequências". "O Governo precisa de ter nas suas instituições líderes que dêem corpo à sua estratégia. Se essa estratégia fica comprometida, será melhor que seja concretizada por outro protagonista", defendeu.

Por seu turno, o deputado José Soeiro, do Bloco de Esquerda, lamentou que não tenha sido realizado um concurso internacional para o cargo. "Aos equipamentos culturais devem ser associados planos estratégicos e realizados concursos públicos para os cargos de direção", sustentou.

As críticas a Lamas

Na sexta-feira, João Soares já tinha afirmado aos deputados que iria demitir o presidente do Centro Cultural de Belém, e na segunda-feira, tal como prometido, entregou a cópia do despacho em que exonera António Lamas.

Em causa, nesta discordância entre António Lamas e João Soares, está o projecto de gestão integrada do chamado "eixo Belém-Ajuda", cuja estrutura de missão foi extinta na semana passada, em Conselho de Ministros.

João Soares afirmou que não ter "a menor das hostilidades do ponto de vista pessoal" com António Lamas - nomeado presidente do CCB em 2014 -, mas lamentou "uma gestão pouco prudente", dando como exemplo que "seis milhões [de euros] das reservas foram gastos nos últimos tempos".