“Últimos dias fazem lembrar os piores anos de incêndios em Portugal”
11-08-2016 - 07:59

Nos últimos dias, o número de fogos registados ultrapassou sempre as 300 ocorrências, mobilizando milhares de bombeiros.

O Comandante da Autoridade Nacional de Protecção Civil (ANPC) recorda as “más memórias” dos anos de 2003, 2005 e 2012. José Manuel Moura comparou a actual situação climatérica ao registado nos piores anos de incêndios no país.

“Esta severidade só a vamos encontrar em anos que temos más memórias”, lembrou em conferência de imprensa, na quarta-feira à noite, o Comandante Operacional referindo-se aos anos de 2003, 2005 e 2012, em que se viveram “condições climatéricas muito adversas”.

Nos últimos dias, o número de incêndios registados no país ultrapassou sempre as 300 ocorrências.

“As populações têm de ter um estado de alerta significativo se houver alguma situação de haver necessidade de evacuação”, sublinhou o comandante, lembrando que existem situações em que “a velocidade de propagação do vento é de tal ordem que não há condições para fazer o combate”.

Nesses momentos, a preocupação máxima de quem está a trabalhar no terreno é “a defesa das pessoas e bens” e “todo o cuidado é pouco”, disse.

O agravamento das previsões meteorológicas nos últimos dias levou a que o Governo accionasse o pré-alerta do mecanismo europeu de Protecção Civil, que acabou por ser activado na terça-feira: “Prevíamos que hoje ia ser um dia particularmente difícil”, recordou o comandante durante a conferência de imprensa realizada em Carnaxide.

Portugal solicitou quatro mecanismos de combate e a Itália já disponibilizou um avião Canadair que chega a Portugal esta quinta-feira. “Em 13 anos, esta é a 11.ª vez que o mecanismo é activado”, lembrou.

Bombeiros sem registo de situações graves

Os incêndios dos últimos dias têm mobilizado milhares de bombeiros que têm conseguido combater as chamas sem que haja, até ao momento, situações graves de saúde, sublinhou o comandante da Protecção Civil.

“Felizmente, só temos situações ligeiras, de inalação de fumos, não temos nenhuma situação de trauma, nenhuma situação grave. Atendendo à dimensão e ao problema que estamos a ter, é uma situação digna de registo”, garantiu hoje o comandante operacional nacional da Autoridade Nacional de Protecção Civil (ANPC), José Manuel Moura, durante uma conferência de imprensa realizada esta noite em Carnaxide.

O responsável referia-se aos combatentes, aos bombeiros, à força especial de bombeiros, aos Grupos de Intervenção de Protecção e Socorro (GIPS da GNR) e aos Sapadores florestais. No total, são milhares de homens que diariamente combatem as chamas um pouco por todo o país. Só hoje, estiveram a combater as chamas quase seis mil homens.

“Toda a formação que é dada ao longo do ano, as acções de treino operacional, foram muito focadas na segurança das forças”, explicou.

José Manuel Moura garantiu ainda que estão asseguradas todas as condições para estes profissionais possam trabalhar e descansar, admitindo, no entanto, que possa haver teatros de operação mais complicados onde não se pode garantir que “o almoço é à uma da tarde e o jantar às oito”.

Plano de emergência prolongado

O presidente da Comissão Distrital de Protecção Civil (CDPC), José Maria Costa, anunciou o prolongamento, por mais 48 horas, do Plano de Emergência Distrital (PED) devido à previsão de agravamento das condições climatéricas.

"As condições climatéricas prevêem algum agravamento durante a noite e estamos com algumas ocorrências, no distrito que nos merecem a maior preocupação", disse hoje aos jornalistas José Maria Costa, que é também presidente da Câmara de Viana do Castelo, no final de uma reunião de trabalho com a ministra da Administração Interna no Centro Distrital de Operações de Socorro (CDOS).