Portugal vai levar dois anos a recuperar da crise, diz Costa
23-11-2021 - 12:39
 • Marta Grosso com redação e Lusa

“Desta vez, foi diferente”, afirmou o primeiro-ministro, comparando com o fim da crise da troika. Portugal não está condenado “a divergir e a definhar”, acrescentou.

Portugal vai demorar dois anos a recuperar o nível económico que tinha antes da pandemia, antevê o primeiro-ministro, garantindo que o país está preparado para enfrentar as dificuldades.

“Levaremos desta vez cerca de dois anos a recuperar o nível do Produto Interno Bruto pré-pandemia, que deverá ocorrer em meados do próximo ano”, anunciou nesta terça-feira, logo comparando com os “nove longos anos para recuperarmos o mesmo nível de PIB anterior à crise económica e financeira de 2008/2011”.

“Desta vez, e ao contrário do que é habitual, foi diferente. Foi diferente, desde logo, porque foi possível colocar no terreno uma resposta europeia muito robusta, que queremos que constitua uma verdadeira mudança de paradigma”, acrescentou o chefe do executivo, à margem do Congresso da Ordem dos Economistas, em Lisboa.

De acordo com António Costa, quando começou a crise social e económica derivada da pandemia de Covid-19, Portugal estava "numa posição de partida significativamente melhor" face à crise de 2008.

E, para sustentar a sua perspetiva, lembrou que o país registou, "entre 2015 e 2019, um crescimento do PIB de 11,5% em volume", tendo as exportações hoje "o maior peso do PIB na história, 43,5%".

Atualmente, o país retomou "o crescimento económico, a taxa de desemprego está a um nível inferior ao nível em que se encontrava antes da crise, as exportações estão de novo a crescer", há um "novo máximo de investimento empresarial no primeiro semestre deste ano e a AICEP encerrará este ano com um novo máximo histórico de investimento contratado".

No discurso que fez perante os participantes no congresso, António Costa pediu ambição aos agentes económicos, para que o país não ultrapasse apenas “a mera recuperação” e possa convergir com a União Europeia.

“Não estamos condenados a divergir e a definhar”

Segundo as estimativas do primeiro-ministro, a economia portuguesa pode voltar a convergir com a União Europeia ainda este ano ou no próximo. Portugal não está condenado "a divergir e a definhar", afirmou.

“Convergimos assim com a União Europeia em 2016, 2017, 2018 e 2019 e tudo aponta que retomemos o caminho da convergência já em 2022, senão mesmo neste ano de 2021”, antecipou.

"O bom desempenho recente dá-nos confiança para esta recuperação, mostra que não estamos condenados a divergir e a definhar. Mostra que é possível mobilizar a sociedade e a economia portuguesas para um processo de recuperação que não se limite a fazer-nos regressar onde estávamos, mas que nos permita retomar um ciclo de convergência e de melhoria do nível de vida dos portugueses e das portuguesas que é o que seguramente todos desejamos", salientou António Costa.

O primeiro-ministro discursou nesta manhã na abertura do 9.º Congresso Nacional dos Economistas, que decorre na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa.

À margem do evento, e em resposta às perguntas dos jornalistas, disse que só na quinta-feira, depois do Conselho de Ministros, falará sobre eventuais novas medidas de combate à Covid-19. Para já, é tempo de ouviu os partidos, acrescentou, pouco antes de iniciar precisamente a primeira ronda de audiências.