Redução no isolamento não deve incluir não vacinados, diz ECDC
07-01-2022 - 11:11

"Para indivíduos não vacinados, não existem provas que permitam diminuir o período de isolamento ”, alerta o ECDC, numa altura em que os contágios subiram 46% na Europa.

O Centro Europeu de Prevenção e Controlo das Doenças (ECDC) não recomenda menos tempo de isolamento para não vacinados anticovid-19, mas admite-o para os inoculados, embora avisando que, quanto mais curto for este período, maior o “risco residual”.

“O ECDC está atualmente a rever as orientações de isolamento para casos de Covid-19 e a fazer uma análise mais especializada da literatura disponível sobre carga viral e alívio [do isolamento]. Para indivíduos não vacinados, não existem provas que permitam diminuir o período de isolamento ”, considera a agência europeia, numa resposta escrita enviada à agência Lusa.

A posição surge depois de, na passada quarta-feira, a Direção-Geral da Saúde (DGS), em Portugal, ter atualizado as normas que reduzem o período de isolamento para as pessoas assintomáticas que testam positivo ao SARS-CoV-2 e têm doença ligeira bem como para os contactos de alto risco.

Dias antes, o Centro de Controlo e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos recomendou a redução do período de isolamento para casos positivos de covid-19 de 10 para cinco dias, sendo que, após esse tempo e por mais cinco dias, as pessoas devem cumprir medidas como uso obrigatório de máscara quando em contacto com outros.

Questionado sobre esta redução do período de isolamento, o ECDC reconhece que, “em situações de elevado ónus [para os países], poderá ser necessária uma abordagem mais pragmática na qual sejam tidas em conta considerações adicionais, especialmente no que diz respeito aos trabalhadores essenciais ”, mostrando-se assim favorável a uma redução para os vacinados contra a Covid-19.

Ainda assim, a agência europeia avisa que, “ao decidir sobre orientações de isolamento reduzidas, os Estados-membros [da União Europeia] devem ter em conta a situação epidemiológica local, a capacidade de teste do cenário e os efeitos socioeconómicos da pandemia no cenário específico”.

“Como regra, quanto mais curto for o período de isolamento, maior será o risco residual, pelo que a redução do período de isolamento requer um equilíbrio de probabilidades e uma decisão sobre quanto risco residual de transmissão se está disposto a aceitar”, avisa esta agência europeia de aconselhamento aos países.

Em Portugal, a DGS reduziu de 10 para sete dias o período de isolamento para quem testa positivo à infeção por SARS-CoV-2, desde que não tenha sintomas. Vai ser igualmente reduzido para sete dias, a partir da próxima segunda-feira, o período de isolamento do contacto de alto risco.

Contágios subiram 46% na Europa

As novas infeções por coronavírus aumentaram 46% na semana passada na Europa, revelou o Centro Europeu de Prevenção e Controlo das Doenças (ECDC).

De acordo com o último relatório, com dados atualizados até ao passado dia 0«2, a situação epidémica geral nos países da União Europeia (UE) e no Espaço Económico Europeu (EEE) apresenta um elevado índice de caso, que continuam a crescer há duas semanas.

A incidência média nos últimos sete dias é de 1.253 novos casos por 100.000 habitantes.

A taxa de mortalidade é de 50,6 por milhão de habitantes, 9% menos do que na semana anterior, mas ainda em níveis elevados.

Dez países (Dinamarca, Estónia, Finlândia, França, Grécia, Islândia, Irlanda, Letónia, Luxemburgo e Malta) encontram-se numa situação preocupação muito elevada e 18 (incluindo Espanha), de preocupação elevada, enquanto noutros dois (Áustria e Roménia) o nível de preocupação é moderado.

Segundo o documento, 72,9% da população da UE/EEE recebeu pelo menos uma dose da vacina contra a Covid-19, 68,5% completaram o esquema vacinal e 28,5% já têm a dose de reforço.