​Greve dos motoristas de matérias perigosas deixa metade dos postos sem combustível
16-04-2019 - 12:24
 • Isabel Pacheco , Cristina Nascimento

Reportagem da Renascença encontrou falta de combustível, mas clientes calmos. Protesto começou segunda-feira e é por tempo indeterminado. Governo avançou com uma requisição civil.

O Sindicato Nacional dos Motoristas de Transporte de Matérias Perigosas garante que a paralisação do setor já esgotou os combustíveis em cerca de metade dos postos no país.

“Pelas informações que nos chegam de norte a sul do país, estimámos que 50 a 60% dos postos estão já sem combustível e, pela informação que temos, os tanques dos aeroportos estão a cerca de 30%”, revelou à Renascença o presidente do sindicato, Francisco São Bento.

A situação nos aeroportos é confirmada pela ANA Aeroportos, que, em comunicado, revela que já foram suspensos os abastecimentos em Lisboa e Faro.

Os trabalhadores, que reivindicam a criação de uma categoria especifica na profissão e a atualização salarial, entraram em protesto na segunda-feira. De acordo com o Governo, os trabalhadores não cumpriram os serviços mínimos decretados e, por isso, avançou com uma requisição civil.

Uma decisão que surpreendeu o sindicato. “Fiquei deveras surpreendido, mas vamos aguardar por informações do departamento jurídico para saber o que ainda podemos fazer de forma a tingir o que pretendemos”, diz o sindicalista.

Consumidores abastecem, mas sem preocupações de maior

Numa pequena ronda feita por algumas bombas de combustível em Lisboa, a Renascença encontrou alguns sinais da greve, mas não uma preocupação generalizada. Esta terça-feira de manhã, num posto de combustível low-cost, na Ameixoeira, o gasóleo já tinha acabado e a gasolina não ia durar muito mais, refere o responsável da bomba.

Patrícia ainda conseguiu abastecer, numa ida propositada à bomba, depois de ter ouvido as notícias. Já António trouxe o seu camião TIR para um abastecimento "normal". "São 750 litros que agora vão durar uns dias, consoante o serviço que tiver", explica.

Em Benfica, noutro posto de combustível, parece ser um dia comum. O gerente do posto está de férias e os funcionários não se mostram particularmentes preocupados. Na bomba está o cliente Fernando Baptista. Sabia da greve, mas vir abastecer o carro já fazia parte do que pretendia fazer.

"Acho que qualquer trabalhador necessita de reivindicar as suas regalias", diz, embora também reconheça que por estes dias "já são greves a mais".

A Prio avançou entretanto que deverá ficar sem combustível em quase metade dos seus postos. Em comunicado enviado à Lusa, a empresa adverte que "será este o cenário pascal, que poderá ser agravado se o sindicato dos motoristas não aconselhar os seus associados a acatar a requisição civil hoje decretada pelo Governo para cumprir os serviços mínimos no que respeita ao abastecimento de postos".