França mantém-se inflexível contra gasoduto nos Pirenéus
18-08-2022 - 14:10
 • Rosário Silva

O governo francês quer mais terminais de gás natural liquefeito na Europa e continua contra a possibilidade de um novo gasoduto a atravessar os Pirenéus entre Espanha e França.

Apesar da vontade de Portugal e Espanha, França continua a não ter qualquer intenção de desbloquear o projeto de gasoduto através dos Pirenéus catalães, conhecido como MidCat.

Num detalhado comunicado, citado pela Cadena SER, o Ministério da Transição Energética de França reafirma, inequivocamente, a sua posição sobre esta matéria.

"Este projeto levaria anos a tornar-se operacional e não responderia à crise atual", lê-se, a propósito dos estudos e trabalhos do lado francês para resolver a necessidade urgente de parar de depender do gás russo.

Em vez disso, a construção de terminais de GNL (Gás Natural Liquefeito) em zonas offshore, em países como a Alemanha, é vista como "uma solução mais rápida".

"Os Estados-membros da UE com uma frente marítima embarcaram na construção de terminais de metano, uma solução mais rápida e que permite a importação de gás dos países do Golfo e dos Estados Unidos", refere o comunicado, contestando, assim, a opção de aumentar o número de gasodutos provenientes de Espanha.

Por outro lado, insiste em que "estes terminais no norte e leste da Europa, e especialmente na Alemanha, representam investimentos menores e mais rápidos, se estiverem a flutuar".

O ministério, liderado por Agnès Pannier-Runacher, reconhece que os dois gasodutos existentes na fronteira, Biriatou, no País Basco, e Larrau, em Navarra, "têm estado a trabalhar em plena capacidade desde o início da crise ucraniana", com 225 gigawatts-hora.

O MidCat duplicaria esta capacidade, contudo o desafio climático é também utilizado para questionar o desenvolvimento de "infraestruturas de gás perenes, quando a Europa está a acelerar a transição para a neutralidade de carbono em 2050".

As dúvidas mantêm-se igualmente quanto à possibilidade de este gasoduto ser utilizado para o transporte de hidrogénio verde no futuro.

"As incertezas são muito elevadas sobre as capacidades de produção e consumo de hidrogénio e, subsequentemente, sobre a necessidade de uma infraestrutura de tão grande escala com tanta antecedência", aponta ainda o comunicado.