O exemplo grego pode servir a Portugal como exemplo "mau ou bom“ de como uma crise em torno de questões financeiras pode ser resolvido. A opinião é de Pedro Santana Lopes no programa “Fora da Caixa” da Renascença. O antigo primeiro-ministro considera que António Costa avalia atentamente a dinâmica negocial grega em Bruxelas.
"Ele [Costa] não extrema posições, mas também sabe e percebe que, em termos de negociação, a União Europeia 'não é de ferro'. Independentemente das ameaças, das vontades políticas de alguns sectores europeus, o primeiro-ministro sabe que neste momento na Europa há margem de negociação”, afirma Pedro Santana Lopes.
Os comentadores do programa “Fora da Caixa” comentam a aprovação de uma nova tranche de apoio a Atenas, acordada na última reunião do Eurogrupo.
António Vitorino reconhece que os gregos tentaram jogar "por infortúnio das pessoas que estão nessa situação” com a crise dos refugiados.
“Conseguiram de alguma forma ganhar pontos nessa matéria. Toda gente tem hoje consciência que a Grécia é um ponto nevrálgico da crise dos refugiados e que consequentemente uma Grécia desestabilizada só agravaria uma situação que já de si estava pouco sob controlo”, sustenta o antigo comissário europeu no debate semanal de temas europeus da Renascença.
A mudança de Tsipras
Pedro Santana Lopes detecta "algum alinhamento de Tsipras com algumas posições ocidentais”, pondo termo a "alguns devaneios em várias matérias de política interna e externa que ocorreram no inicio das suas funções”.
O antigo líder do PSD considera que, “depois da sua confirmação eleitoral, Tsipras procurou seguir o equilíbrio entre o respeito pelas condições acordadas com a União Europeia e algumas medidas de ‘aconchego' de algumas reivindicações mais prementes da população”.
Para Santana, é evidente o desconforto do primeiro-ministro grego com a austeridade que será aplicada em troca da libertação de nova tranche de apoio financeiro.
António Vitorino reconhece que Alexis Tsipras "passou a ter mais cuidado na maneira como se posiciona no contexto europeu”, aproximando o Syriza do espaço político histórico do PASOK, o partido socialista grego, já longe do “radicalismo” original do partido onde então militava o ex-ministro das finanças Yanis Varoufakis.
"Perdemos em coreografia mas ganhámos em responsabilidade e em confiança”, remata Vitorino.