Autarcas apelam ao Governo para travar encerramento de 22 lojas dos CTT
03-01-2018 - 01:14

"Eu percebo que em 100 lojas que existem em Lisboa e Porto se possam encerrar três, agora, em Vila Real em duas encerra-se uma", critica o autarca Rui Santos em declarações à Renascença.

A decisão dos CTT de encerrar 22 estações é condenada pelos presidentes de várias câmaras afectadas pela medida, que apelam ao Governo que pressione a empresa.

Vila Real vai perder uma das duas lojas dos CTT na cidade. Em declarações à Renascença, o autarca Rui Santos mostra-se surpreendido e questiona os critérios utilizados.

Rui Santos manifesta espanto, surpresa e indignação perante a decisão conhecida esta terça-feira.

“Eu gostava de saber que estudos houve para se chegar à conclusão que se pode fechar uma loja em Vila Real. Eu percebo que em 100 lojas que existem em Lisboa e Porto se possam encerrar três, agora, em Vila Real em duas encerra-se uma? É absolutamente desproporcional, o que está por detrás disto é o lucro, o lucro, o lucro e não é um serviço público de qualidade. Julgo que o Estado deve, dentro do que lhe for possível, pressionar esta administração privada dos CTT, que resulta de uma privatização com contornos muito pouco claros, a manter um serviço público de qualidade. Se tal não acontecer, o Estado deve recomprar os CTT ou deve nacionalizar novamente os CTT”, afirma o presidente da Câmara de Vila Real.

Os presidentes da União de Freguesias de Abrantes e Alferrarede e da Câmara de Alpiarça também condenam o encerramento das lojas dos CTT, tendo assegurado que vão tentar reverter a decisão.

O presidente da União de Freguesias de Abrantes e Alferrarede, o socialista Bruno Tomás, disse à agência Lusa que foi com "surpresa e muita preocupação" que soube da notícia do encerramento da estação de correios em Alferrarede, uma vez a loja em causa "está na zona mais populosa e de maior expansão da cidade".

Este fecho, segundo o autarca, vem juntar-se "à falta de carteiros e aos atrasos recorrentes na distribuição, prejudicando toda a população num serviço que se quer público, de proximidade e de qualidade", tendo observado que naquela União de Freguesias habitam cerca de 18.400 pessoas, cerca de metade do total da população do concelho.

O presidente da Câmara de Famalicão culpa o Governo pelo fecho da loja dos CTT em Riba de Ave, acusando-o de "desinvestir" naquela vila, nomeadamente com o corte dos contratos de associação com dois colégios.

"Com o corte dos contratos de associação, há cerca de dois anos, o número de pessoas que frequenta Riba de Ave reduziu substancialmente, o que terá levado os CTT a terem menos interesse na manutenção da loja", disse Paulo Cunha à agência Lusa.

A presidente da União de Freguesias do Barreiro e Lavradio mostra-se indignada com o encerramento do posto dos CTT do Lavradio, garantindo que irá tomar medidas para a "resolução ou mitigação da decisão".

"Hoje, o Lavradio foi confrontado com uma triste notícia, o possível encerramento do posto de atendimento dos CTT. Como cidadã barreirense e presidente da Junta de Freguesia da União de Freguesias de Barreiro e Lavradio torno publica a minha indignação e contestação perante esta decisão", afirmou Gabriela Guerreiro (PS), numa mensagem nas redes sociais.

Em entrevista à Renascença, o administrador dos CTT, António Pedro Silva, garante que o encerramento das 22 lojas é irreversível.

Explica que a lista foi enviada em primeiro lugar à comissão de trabalhadores da empresa porque a lei assim o obriga. Será, agora, iniciado o contacto com as autarquias afectadas "para esclarecer os critérios e encontrar soluções".

"Em termos de decisão sobre este conjunto de lojas dos CTT, é uma decisão que está tomada. Depois, as soluções que os CTT têm no terreno são de vária tipologia e essa é uma discussão que está em aberto, porque a grande preocupação que temos é servir bem as populações e os nossos clientes", sublinha António Pedro Silva.

As lojas deverão ser encerradas até ao final de Março.

A lista de lojas a encerrar foi enviada esta terça-feira à comissão de trabalhadores da empresa com um pedido de parecer. De acordo com o "Eco", a administração pretende encerrar as seguintes estações de correio:

  • Junqueira (Lisboa)
  • Socorro (Lisboa),
  • Olaias (Lisboa),
  • Galiza (Porto),
  • Asprelas (Porto),
  • Areosa (Porto),
  • Avenida (Loulé),
  • Universidade (Aveiro),
  • Termas de S. Vicente (Penafiel),
  • Riba d’Ave (Vila Nova de Famalicão),
  • Paços de Brandão (Santa Maria da Feira)
  • Lavradio (Barreiro),
  • Freamunde (Paços de Ferreira),
  • Filipa de Lencastre (Belas),
  • Camarate (Loures),
  • Calheta (Ponta Delgada),
  • Barrosinhas (Águeda),
  • Araucária (Vila Real),
  • Alpiarça (Santarém),
  • Alferrarede (Abrantes),
  • Aldeia de Paio Pires (Seixal),
  • Arco da Calheta (Madeira).