Ângelo Girão esquece glórias do passado e foca-se em reconquistar o Europeu
10-11-2021 - 09:00
 • Eduardo Soares da Silva

Guarda-redes da seleção nacional acredita que disputar o Europeu em casa, em Paredes, pode ser vantagem para a reconquista do troféu perdido em 2018.

Ângelo Girão, guarda-redes da seleção nacional, esquece as conquistas do passado do Europeu e Mundial para focar-se no objetivo de reconquistar o troféu de campeão da Europa. Jogar em casa pode ser decisivo, num torneio que será disputado na próxima semana em Paredes.

"Jogar em casa, com público a nosso favor, ainda nos deixa com mais vontade de ir para dentro de campo. O título de Oliveira de Azeméis [2016] não traz nada de extra, os títulos ficam à porta. Quando entrarmos dentro de campo não têm significado. Começamos do zero. São títulos importantes, mas queremos vencer outra vez. Temos de ter essa noção que os títulos não jogam", disse à imprensa.

Portugal vai arrancar a competição como campeão do Mundo, prova conquistada em 2019. Ângelo Girão foi figura na final frente à Argentina, com três penáltis defendidos. No entanto, a seleção nacional perdeu a final do último Europeu, em 2018, frenta à Espanha.

Ângelo Girão quer voltar a ser protagonista e tem como objetivo sofrer o menor número de golos possível.

"Essa final [Mundial] foi muito boa para todos, para mim em particular. O meu objetivo é ficar a zero em todos os jogos, mas o importante é que a equipa ganhe, não me importo de sofrer dez golos, desde que consigamos marcar onze. O importante é que a taça fique cá", atira.

Quatro candidatos

Portugal mede forças com Espanha, França, Itália, Alemanha e Andorra, na primeira fase, entre segunda e sexta-feira. Girão analisa os adversários e acredita que pode ser um Europeu muito equilibrado.

"Alemanha e Andorra estão num patamar inferior e são mais acessíveis, mas temos de estar ao nosso melhor nível. A França é muito forte, Itália tem uma seleção jovem, mas com capacidade enorme e a Espanha é sempre uma eterna candidata. Penso que pode ser o Europeu mais equilibrado de todos, os jogadores jogam muitos em Portugal, que é o melhor campeonato agora. Não acho que vamos ver resultados muito desequilibrados", perspetiva

Questionado sobre o seu rendimento individual, o guardião do Sporting recorre à gíria e a uma frase feita habitualmente utilizada na modalidade.

"Costuma-se dizer que o guarda-redes é mais de meia equipa no hóquei. Durante muitos anos, lembro que a Espanha teve uma geração muito forte e tinha grandes guarda-redes. Acho que invertemos esse paradigma, há vários guarda-redes com perfil de guarda-redes de seleção. Diziam que a Espanha ganhava muito pela baliza e Portugal tem muitos candidatos ao lugar", atira.

Rivalidades não passam para a seleção

Oito dos dez convocados de Renato Garrido jogam em Portugal, nas quatro principais equipas do campeonato. Girão e Telmo Pinto jogam no Sporting, Pedro Henriques e Diogo Rafael alinham no Benfica, Jorge Silva e Henrique Magalhães são da Oliveirense e Gonçalo Alves e Rafa jogam no FC Porto.

Girão assume a rivalidade nos clubes, mas encara-a com normalidade e reconhece ter relação de amizade com os jogadores dos outros clubes.

"Para fora passa que estamos em guerra. Às vezes o ambiente aquece porque queremos ganhar, somos atletas de alta competição, jogamos em clubes em que a rivalidade é muito grande e são normais as picardias nos jogos. Até no treino ontem houve picardia aqui, porque queremos muito ganhar. Fora de campo, temos relação pessoal. Os adeptos não têm essa noção que somos competitivos, mas o que existe fora de campo é maior do que aquilo que nos separa", termina.

Portugal arranca a participação no Europeu, disputado no Multiusos de Paredes, na próxima segunda-feira, frente à Alemanha.