Vladimir Putin aumentou o nervosismo à volta da invasão russa da Ucrânia quando anunciou, este domingo, que ordenou que fossem colocadas em alerta máximo as forças de dissuasão russas, que podem incluir a componente nuclear, devido a "declarações agressivas" do Ocidente.
“Ordeno ao ministro da Defesa e ao chefe de estado-maior que ponham a força dissuasora do Exército russo em alerta especial de combate”, disse Putin numa reunião televisiva com os seus chefes militares.
Num momento tenso, em que especialistas consideram ser mais arriscado do que qualquer evento da Guerra Fria, a hipótese de um conflito nuclear não está fora da mesa.
A Renascença explica quanto armamento nuclear tem a Rússia e que outros países também possuem este tipo de força.
Rússia e EUA
A Rússia e os Estados Unidos da América (EUA) detêm, entre si, 90% das cerca de 13.080 ogivas nucleares que as estimativas mais recentes do Stockholm International Peace Research Institute e o Departamento de Estado dos EUA, referentes ao final de 2021, indicam que existem.
O regime de Vladimir Putin é quem tem mais. Tratam-se de cerca de 6.257 armas nucleares, das quais 4.497 estão prontas a usar e as restantes 1.760 aguardam desmantelamento.
Com o fim da União Soviética, a Rússia manteve o seu arsenal e ficou com as armas das antigas repúblicas soviéticas da Bielorrússia, do Cazaquistão e da Ucrânia.
Já os EUA foram os primeiros a desenvolver com sucesso um arma nuclear e, até à data, o único país a usar este tipo de força bélica em combate.
Os danos humanitários provocados pela ação atómica norte-americana em Hiroshima e Nagasaki, no Japão, servem ,em parte, de dissuasão do uso futuro deste tipo de armamento.
Os EUA têm, atualmente, 5.550 armas nucleares.
Apesar de não terem ogivas próprias, Alemanha, Bélgica, Itália, Países Baixos e Turquia têm acordos para armazenarem armamento nuclear dos EUA.
Restantes países do Ocidente
Reino Unido e França são os únicos outros países do Ocidente a terem armamento nuclear próprio.
Os britânicos começaram o seu desenvolvimento em 1952 e detêm, segundo as estimativas mais recentes, 225 ogivas nucleares.
Destas, 120 estão prontas a usar e 105 estão armazenadas.
A França começou mais tarde, em 1960, mas, atualmente, tem mais do que o Reino Unido.
São cerca de 290 ogivas nucleares, segundo as estimativas mais recentes.
China
A China é o principal país do Oriente em termos de armamento nuclear, tendo até mais, do ponto de vista individual, do que Reino Unido e França.
O país asiático começou o desenvolvimento de ogivas em 1964 e detém, atualmente, cerca de 350 armas nucleares.
O Departamento de Defesa norte-americano acredita que o regime chinês pode duplicar, ao longo da próxima década, o seu armazenamento nuclear.
Segundo os EUA, a China tem acelerado a sua produção e poderá ter até 700 armas nucleares em 2027 e cerca de mil, em 2030.
Restantes países do Oriente
O Paquistão, a Índia e a Coreia do Norte assumiram a produção de armamento nuclear, ao longo das últimas décadas.
A Índia foi o primeiro dos três a desenvolver e testou com sucesso um dispositivo nuclear, pela primeira vez, em 1974. Neste momento, tem cerca de 156 ogivas nucleares.
Foi na sequência do teste nuclear da Índia que o Paquistão decidiu desenvolver o seu próprio armamento. Neste momento, possui 165 ogivas, superando a Índia.
A Coreia do Norte começou mais tarde, só depois de 2003, e é o país que, segundo as estimativas atuais, possui o menor número de armas nucleares.
Neste momento, o regime norte-coreano tem entre 40 a 50 ogivas, sendo que tem recursos suficientes para mais seis ou sete armas nucleares e está a desenvolver estruturas para produzir mais.
Israel é o único país que não assume publicamente que possui armamento nuclear, optando por uma comunicação intencionalmente ambígua, mas é estimado que o país já tenha cerca de 90 ogivas e que tem material para desenvolver até 200.
Irão e Síria suspeitos de desenvolver armamento
O Irão estava em desenvolvimento nuclear, com perspetiva de obter ogivas, segundo um relatório da Agência Internacional de Energia Atómica, de 2003.
Desde então, potências mundiais contestaram esta atitude e aplicaram sanções económicas ao Irão para dissuadir o país de continuar a produção nuclear.
Em 2015, o Irão assinou um acordo nuclear com China, França, Alemanha, Rússia Reino Unido, EUA e União Europeia para parar o desenvolvimento de armas nucleares e abrir a observadores internacionais a sua investigação de urânio.
Em 2018, os EUA abandonaram o acordo, por decisão do então presidente Donald Trump, que prometeu negociar um acordo melhor. Em 2020, o Irão anunciou que ia deixar de seguir o acordo, devido ao aumento de tensões com o Estado norte-americano, depois da morte do general Qasem Soleimani.
Com a saída de Trump, sem ter conseguido negociar o acordo prometido, a administração Biden abriu negociações com o Irão para que ambos os países retomem o acordo.
Já a Síria poderia estar a desenvolver armamento nuclear quando, em 2007, um bombardeamento israelita ao país atingiu a construção de um alegado reator nuclear, segundo o Estado norte-americano.
Há suspeitas que a Síria e a Coreia do Norte tenham uma parceria nuclear, desde 1997.
O Estado sírio não tem cooperado com a Agência Internacional de Energia Atómica para clarificar estas dúvidas.