60 migrantes resgatados pelo navio Open Arms já estão em Barcelona
04-07-2018 - 15:41

É a segunda vez no mesmo mês que o Governo de Pedro Sanchéz aceita um barco humanitário que foi recusado por Itália e Malta.

O navio humanitário da organização não-governamental espanhola ProActiva atracou esta quarta-feira de manhã em Barcelona, depois de ter sido recusado pelos portos mais próximos, de Itália e Malta.

O Open Arms resgatou 60 pessoas no Mediterrâneo Central. Um vídeo publicado no Twitter pela tripulação mostra homens, mulheres e crianças a cantar enquanto o barco atraca no porto de Barcelona, entre cruzeiros e navios de carga.

A presidente da Câmara de Barcelona, Ada Colau, afirmou que os que hoje chegaram a Barcelona “podiam ter morrido, mas estão vivos”, acrescentando que “este é o Mediterrâneo e a Europa que queremos, onde a vida é celebrada e protegida”.

Espanha tinha já acolhido o navio Aquarius, em junho, depois da recusa de Malta e de Itália em abrirem os seus portos para receber as 630 pessoas resgatadas pelo navio operado pelos Médicos Sem Fronteiras e pela SOS Mediterranée.

O número de chegadas pelo Mediterrâneo caiu abruptamente este ano, não ultrapassando as 45 mil pessoas. Em 2015 registou-se mais de um milhão de chegadas.

Apesar da queda, o assunto foi novamente inflamado pelo discurso anti-migração do novo Governo italiano, que se recusou a receber o Open Arms, tal como já tinha recusado o Lifeline, que acabou por ser recebido em Malta, após um acordo para redistribuir os requerentes de asilo por oito países europeus, incluindo Portugal.

Matteo Salvini, ministro do interior italiano e líder da Liga, de extrema-direita, garante que os portos do país estão definitivamente cerrados para todos os navios de organizações não-governamentais (ONG) estrangeiras que operem no Mediterrâneo Central.

Na semana passada, os Estados-membros da União Europeia acordaram medidas para robustecer o controlo de fronteiras e reforçar o investimento nos países de origem e de trânsito de migrantes, em África, para conter as travessias destas pessoas rumo ao continente europeu. Uma das ideias mais polémicas saídas da reunião foi a criação de plataformas de desembarque fora do espaço europeu.