A pandemia tem um enorme impacto em todos os setores económicos, da indústria ao comércio até ao turismo, e claro, também no mercado imobiliário, atividade chave em Portugal e na Europa como destino de investimento estrangeiro e através do emprego que gera na construção, como se provou na recuperação pós-crise de 2011.
O confinamento bloqueou o fluxo de movimentos entre países e continentes comprometendo transações e operações económicas. Por outro lado, a incerteza dos primeiros meses – decisiva num setor que se retroalimenta de confiança no médio e longo prazo – só terá fim com a generalização da vacina que previna os contágios.
O distanciamento social teve efeitos nas visitas aos imóveis, mas, até aí o setor reage com avanços tecnológicos, que suavizam a falta de contacto social, e a melhoria de assessoria aos clientes estrangeiros para identificar as melhores oportunidades e saber reconhecê-las.
Não apenas video-chamadas, mas ferramentas que facilitam a assinatura de documentos oficiais, sabendo os especialistas que não se compram imóveis só com uma visita virtual. É uma decisão demasiado importante para dispensar a visita física. Ainda assim, a tecnologia vai ajudar os agentes imobiliários a não perder essas oportunidades de negócio.
Mas se o universo das transações imobiliárias teve um travão no confinamento de março, as estatísticas mostram recuperação nos meses de verão. Desta vez, resulta claro não ser uma crise parecida à do início da década já que se espera uma recuperação do mercado muito mais rápida num setor que promete um desempenho positivo com retornos financeiros apetecíveis face a outras opções.
E dependendo da cidade, localização e características do imóvel que impacto terá a pandemia no preço? Afinal parece inevitável que perante uma crise mundial e o aumento do desemprego os preços se adaptem e ajustem à capacidade dos compradores. Mas a queda de preços pode converter-se então numa excelente oportunidade de aumento de vendas para os agentes imobiliários que oferecem já imóveis adaptados “ao novo normal”.
E depois de milhares levarem a cabo a maioria da atividade quotidiana sem sair da habitação há já “uma nova ideia de casa” depois do confinamento? A casa pós-Covid como ‘espaço coworking’ com compradores a procurar mais luz, espaço e áreas abertas e mais divisões para delimitar zonas de trabalho e ócio?
E altera-se também a localização preferencial? Afinal, deixou de ser necessário viver no centro das cidades e pode optar-se por zonas mais tranquilas das “cidades de 15 minutos”, na designação de Carlos Moreno para urbanistas e arquitectos, localidades onde o essencial não está longe.
Sobre estas questões e o momento do setor em Portugal, e na Europa, a reflexão é do nome incontornável da área, o gestor Luís Carvalho Lima, o presidente da APEMIP – e vice-presidente da Confederação do Comércio e Serviços de Portugal (CCP) e da CPCI - Confederação Portuguesa da Construção e do Imobiliário.
Este conteúdo é feito no âmbito da parceria Renascença/Euranet Plus – Rede Europeia de Rádios. Veja todos os conteúdos Renascença/Euranet Plus