Aumento do risco de ameaça terrorista deve-se a "sinais de radicalização"
20-10-2023 - 23:03
 • Marisa Gonçalves com Renascença

O antigo presidente do Observatório da Segurança, Criminalidade Organizada e Terrorismo diz que em Portugal não há indícios que apontem para o desenvolvimento de ações terroristas, mas lembra que o país não está a salvo e é preciso manter a vigilância.

O professor universitário e antigo presidente do Observatório da Segurança, Criminalidade Organizada e Terrorismo (OSCOT), José Manuel Anes, refere que o aumento da ameaça terrorista de "moderada" para "significativa" deve-se à deteção de "sinais de radicalização".

O especialista refere-se a "eventuais apelos à violência ou à guerra santa", que conduzem a radicalismos.

"Repare-se que em Lisboa, desde o Martim Moniz até ao Areeiro existem quase 10 locais de oração. Provavelmente foram detados alguns sinais preocupantes e muito bem, o SIS, elevou o nível de segurança", adianta à Renascença.

José Manuel Anes refere que pode esperar-se mais polícia nas ruas, em locais sensíveis, e de forma descaracterizada.

O investigador do OSCOT diz que em Portugal não há indícios que apontem para o desenvolvimento de ações terroristas, mas lembra que o país não está a salvo e é preciso manter a vigilância.

"Não há nenhum país em que o nível de ameaça terrorista seja zero. Acontece que em Portugal não foram detetados grandes sintomas de perigosidade terrorista, mas é preciso não esquecer que há sempre os fenómenos designados como lobos solitários. Mesmo que não exista uma estrutura organizada para desencadear atentados terroristas, pode acontecer haver um fanático que desencadeie uma ação violenta", sublinha.

Terrorismo na Europa

Face à escalada do conflito entre o Hamas e Israel, José Manuel Anes diz que há um receio efetivo de que o terrorismo alastre à Europa.

"Já aconteceu em França, na Bélgica, e pode acontecer noutros países europeus. A nossa probabilidade, até agora, não era muito elevada. No entanto, perante estes sinais detetados pelo SIS, temos de ter muito cuidado. São suficientemente preocupantes para que tenham sido tomadas estas medidas ", aponta.

Na sequência dos recentes ataques em Israel e na Faixa de Gaza, na passada segunda-feira, um homem matou duas pessoas e deixou uma terceira ferida, em Bruxelas, naquele que foi considerado um ataque com motivações terroristas. Antes, no dia 13, em França, dois homens tinham sido detidos após um ataque com uma faca que provocou a morte de um professor e feriu outras duas pessoas, numa escola secundária…

França e Bélgica elevaram o nível de alerta para o grau máximo.