Pedro Dias conhece sentença. "Nem com 25 anos, é passível de ser ressocializado", diz acusação
08-03-2018 - 06:28
 • Liliana Carona

"Assassino de Aguiar da Beira" confessou ter disparado sobre dois militares da GNR - um morreu e outro ficou ferido - em 2016, mas rejeitou responsabilidades nas mortes de dois civis na EN229.

Pedro Dias, que está acusado de vários crimes cometidos em Aguiar da Beira em 11 de outubro de 2016, conhece esta quinta-feira a decisão do Tribunal da Guarda, onde se encontra a ser julgado desde novembro de 2017.

Em causa estão três crimes de homicídio qualificado sob a forma consumada, três crimes de homicídio qualificado sob a forma tentada, três crimes de sequestro, crimes de roubo de automóveis, de armas da GNR e de quantias em dinheiro, bem como de detenção, uso e porte de armas proibidas.

O Ministério Público pediu a pena máxima de 25 anos de prisão para Pedro Dias, por considerar incoerente e inconsistente a versão que este apresentou em tribunal.

Pedro Dias confessou ter disparado sobre dois militares da GNR - Carlos Caetano, que morreu, e António Ferreira, que ficou ferido -, mas rejeitou responsabilidades nas mortes de dois civis que viajavam na Estrada Nacional (EN) 229, Liliane e Luís Pinto.

"Agiu em legítima defesa" na morte do militar Carlos Caetano por “instinto primário puro”, foi assim que Mónica Quintela, advogada do arguido, se referiu à conduta de Pedro Dias no caso do homicídio do GNR Carlos Caetano.

A defesa pede absolvição de Pedro Dias, neste caso, e a alteração na qualificação jurídica dos crimes contra Carlos Caetano e António Ferreira. “Não há qualquer prova que aponte que foi ele. De qualquer forma, qualquer dúvida deverá ser valorada em beneficio do arguido, em dubio pro reu. Pedimos a absolvição dos homicídios do casal Luís e Liliane e a alteração na qualificação jurídica, homicídio privilegiado em relação a Carlos Caetano e homicídio simples na forma tentada relativamente ao guarda Ferreira”, explicou na altura das alegações finais.

Pedro Dias de 46 anos, entregou-se no dia 8 de novembro de 2016 à PJ, em Arouca, num ato testemunhado pela RTP e pelo jornal "Diário de Coimbra", quase um mês em fuga (28 dias) após o massacre de Aguiar da Beira, a 11 de outubro de 2016.

O suspeito de triplo homicídio em Aguiar da Beira foi presente ao tribunal da Guarda, para primeiro interrogatório, no dia 10 de novembro de 2016 Um julgamento, que poderá ter desenvolvimentos, mesmo depois da leitura do acórdão. É que Pedro Dias assumiu o homicídio do militar Carlos Caetano, mas negou o assassinato do casal que seguia na N229, responsabilizando o militar que sobreviveu, António Ferreira.

A teoria não convence o advogado dos militares da GNR, Pedro Proença. “Assistimos a mais duas tentativas de homicídio, em pleno julgamento, do caráter dos militares envolvidos, isto imporá da nossa parte medidas no sentido de responsabilizar Pedro Dias, e, da parte da GNR, penso que haverá fundamentos para agir. Todos os factos são uma mistificação completa e construídos à medida da prova produzida”, afirmou o advogado à saída do tribunal no primeiro dia das alegações finais, após o arguido ter falado pela primeira vez.

Pedro Proença insistiu que “ele (Pedro Dias) nem à própria família contou esta versão dos factos”. “O arguido aqui com esta versão deu um contributo muito válido para o tribunal considerar que não houve arrependimento, e que este individuo não é passível nem com 25 anos de ser ressociabilizado”, concluiu.

Tiago Gonçalves, advogado de Lídia Conceição, vítima de sequestro na casa de Moldes, no período de fuga de Pedro Dias, e cujas agressões de que foi vítima, foram negadas pelo arguido, entende que não se consiga provar, o crime de homicídio na forma tentada, isto porque passaram 44 dias depois do sequestro, quando Maria Lídia sofreu um AVC, mas vai ser pedida uma indemnização.

A leitura do acórdão está marcada para esta quinta-feira às 14h30 da tarde. O Ministério Público e acusação pedem pena máxima para o arguido.