Os ridículos castigos de um ridículo regulamento
02-06-2021 - 06:25

O Regulamento de Disciplina da Federação Portuguesa de Futebol tem prosseguido a sua campanha de castigos ridículos a inundar os clubes, os jogadores e outros agentes ligados à modalidade.

E os dirigentes, responsáveis pela elaboração e aplicação dessa peça rara, prosseguem igualmente a sua caminhada, impávidos e serenos, sem cuidarem de tratá-la por forma a tornar-se mais adequada às exigências do futebol moderno e, ao mesmo tempo, tornar as leis mais conformes com o que se pratica por essa Europa fora.

Perante aquilo com que nos deparamos com inusitada frequência, os prevaricadores continuam a ter garantias de que os seus piores comportamentos nunca terão as sanções justas e, por essa razão, nada terão necessidade de fazer para alterar a sua forma de estar perante o futebol e a sociedade que o acompanha muito atentamente.
Muitas vezes, quando somos confrontados com os mapas de castigos impostos pelo Conselho de Disciplina da Federação Portuguesa de Futebol, remetemos para os titulares que exercem os cargos as mais fortes acusações. Nem sempre se trata de acusações justas, tendo em conta que numa grande parte dos casos se limitam a cumprir o espírito da lei.
O que está mal, e isso tem sido debatido com muita frequência, embora sem quaisquer resultados, é que a maior dose de responsabilidade assenta fundamentalmente nas orientações que são emanadas pelos clubes e respetivos dirigentes nas Assembleias Gerais da Liga, que assim entendem que aqueles que lhes prestam serviços estão à vontade para praticar toda a espécie de desmandos.
Depois de várias cenas que fizeram o país corar de vergonha, soubemos agora que dois dos nossos treinadores acabam de ser suspensos da sua atividade por dez e três dias, castigos a cumprir em tempo de defeso, certamente.
E se é verdade que os regulamentos são permissivos, lamentável é também o tempo que é gasto no desenvolvimento e conclusão dos processos.
Sérgio Conceição e Paulo Sérgio foram protagonistas de cenas lamentáveis em meados de março. Portanto, só dois meses e meio depois chega ao nosso conhecimento esta bela peça que dá conta de tão ridículos castigos.
Vai sendo tempo de se levar a sério o futebol como um todo.