Misericórdia de Évora clarifica posição sobre defesa da vida
19-04-2018 - 15:41
 • Rosário Silva

Numa altura em que se discutem questões como a eutanásia e a morte assistida, a instituição eborense mostra como é possível cumprir uma missão que se traduz obras de misericórdia.

A Santa Casa da Misericórdia de Évora decidiu apresentar publicamente os documentos que orientam a sua ação em torno da defesa da vida, numa altura em que estão na ordem do dia a eutanásia e a morte assistida.

São duas páginas e meia onde se esgrimem os princípios que norteiam a sua missão, inscritos no Compromisso e nas 14 Obras de Misericórdia.

Desafiada pela atualidade, a instituição mobilizou o seu Conselho de Ética, constituído em 2016, para elaborar um documento que não deixe qualquer dúvida quanto à posição desta misericórdia quando se questiona um valor maior, como é o valor da vida.

“Procurámos, Misericórdia e Conselho Ético, ir ao mais básico, identificar quais são de acordo com o seu estatuto, as obrigações por definição da sua missão, e explicitá-las para o exterior, num momento em que pode haver confusão nomeadamente no que diz respeito aos temas eutanásia e à morte assistida”, refere Margarida Almeida Amoedo.

A professora associada em Axiologia e docente de Ética na Universidade de Évora, esclarece que o objetivo é o de “clarificar” como se posiciona a instituição perante os novos desafios que se colocam à sociedade e como se conjugam com uma cultura de defesa da vida.

“Queremos elucidar como é possível cumprir uma missão que se traduz nas 14 Obras de Misericórdia, assumidas pela santa casa, e como isso se correlaciona com o reconhecimento da vida como um bem absoluto a que corresponde também a um valor absoluto, a partir do qual se compreendem todos os demais valores, incluindo os valores éticos”, acrescenta a docente, membro do Conselho de Ética da instituição eborense.

Depois de uma profunda reflexão realizada por um conjunto de personalidades com especialização em áreas diversas como o direito, a saúde, a axiologia e ética, a teologia e a psicologia, o documento está agora acessível ao publico.

“Nós somos uma instituição com características especiais, com uma história que queremos preservar e defender, daí que seja importante dar a conhecer os princípios pelos quais nos regemos pela defesa da vida”, sublinha Francisco Lopes Figueira.

O provedor da Santa Casa da Misericórdia de Évora esclarece, contudo, que a instituição “aceita as terapêuticas inovadoras”, mas “dentro de determinados contextos”, sem esquecer os princípios “do humanismo e da doutrina e moral cristãs”.

Por outro lado, adianta Francisco Figueira, “também queremos que este documento sirva de exemplo”, e possa ser “uma demonstração do que outros podem e devem fazer sobre estas matérias porque estão no seu pleno direito.”