António Costa rejeita "bloco central" e considera que PCP e BE não evoluíram para estar no Governo
04-09-2019 - 21:54
 • Renascença

Primeiro-ministro e líder do PS diz que as legislativas "não são um referendo sim ou não a maiorias absolutas". Admite que Portugal "não é um país cor de rosa", mas tem um Governo capaz de resolver problemas e criar confiança.

O primeiro-ministro, António Costa, considera que PCP e Bloco de Esquerda ainda não evoluíram para integrarem um Governo e só admite acordos pontuais com o PSD para reformas estruturais.

Em entrevista esta quarta-feira à SIC, em plena pré-campanha para as eleições legislativas de 6 de outubro, António Costa afirma que as “soluções de bloco central são contranatura” e um Governo PS/PSD empobreceria a democracia.

“Acho que soluções de Governo seria contranatura, salvo situações dramáticas na vida do país. Haver acordos com PSD ou outro partido em matérias estruturais para o país é possível e desejável.”

António Costa pede mais força para o PS nas eleições, mas não fala em maioria absoluta porque, "justa ou injustamente, os portugueses não têm boa memoria e não gostam" dessa solução e sublinha que diz isto sem intenção de atingir José Sócrates: "não me passou isso pela cabeça".

“Estas eleições não são um referendo sim ou não a maiorias absolutas, são sobre os programas de Governo e a quem é que os portugueses acham que está em melhor condições para governar”, sustenta.

O líder socialista elogia a solução de Governo com apoio parlamentar da esquerda, a chamada “Geringonça”, mas considera que PCP, Bloco de Esquerda ou Partido Ecologista Os Verdes ainda não evoluíram o suficiente para integrarem um futuro executivo.

“Um Governo tem de ser uma entidade coesa. Muito daquilo que foi possível fazer nestes quatro anos não teria sido possível, seguramente, se tivéssemos um Governo de coligação, porque muitas medidas que o Governo adotou nem o PCP nem o BE nem os Verdes podiam adotar enquanto parte do Governo”, afirmou António Costa.

“É por isso que compreendemos bem que tínhamos base para ter um entendimento parlamentar e que esse seria sólido, e foi, mas que não teríamos base para ter uma relação mais íntima”, frisou.

“Quando há uma boa amizade não vale a pena estragar com um mau casamento. E nenhum dos partidos evoluiu naquilo que são os seus fundamentos ideológicos e as suas posições políticas o suficiente para podermos mudar de posição sobre essa matéria”, sublinhou o líder do PS.

Costa rejeita "maior carga fiscal de sempre" e quer beneficiar classe média

Nesta entrevista à SIC, António Costa admite que Portugal "não é um país cor de rosa e tem problemas". Por isso, um "Governo responsável tem de os evitar e resolvê-los” e é preciso prosseguir o caminho dos últimos quatro para melhorar as vida dos portugueses, defendeu.

Questionado se Portugal virou a "página da austeridade", o líder do PS garante que sim e dá alguns exemplos: “virámos. Continua a pagar a sobretaxa? Quem ganha o salário mínimo nacional viu aumentar 20%, os reformados tinham a pensão cortada".

Confrontado com as críticas da oposição, de que é o rosto da "maior carga fiscal de sempre", António Costa garante que "poucos impostos indiretos aumentaram" e que o aumento da receita fiscal está diretamente relacionado com os 400 mil novos trabalhadores que fazem descontos e com o aumento do poder de compra.

A carga fiscal atingiu 34,5% do PIB no ano passado. O primeiro-ministro responde "se compararmos esses valores de 2018 com 2015, há um aumento de 0,1%. Essa subida não resulta do aumento das taxas, mas do crescimento da economia".

Questionado sobre se vai baixar impostos, António Costa garantiu que "vai manter a trajetória" se vencer as eleições de 6 de outubro, nomeadamente "reduzir a tributação do trabalho com mais escalões de IRS para aumentar progressividade, para beneficiar a classe média”.