Ensino Superior. Número de candidatos à primeira fase sobe 3,4% após queda no ano passado
07-08-2019 - 02:25
 • Renascença

​Há mais candidaturas do que vagas em cursos. Em 2018 houve uma redução de 5,6%, este ano há mais 1.666 candidatos a universidades e institutos politécnicos.

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O número de candidatos ao ensino superior voltou este ano a estar acima do número de vagas e há um aumento de 3,4% em comparação com 2018.

Ao todo candidataram-se 51.291 estudantes para as 50.860 vagas existentes, indica o Ministério da Ciência Tecnologia e Ensino Superior (MCTES), em comunicado.

Em comparação com 2018, há mais 1.666 candidaturas a uma vaga nas universidades ou institutos politécnicos, mas menos do que as 52.580 de 2017.

"O aumento de candidatos nesta fase do acesso ao ensino superior público representa um sinal positivo na evolução registada ao longo dos últimos anos, designadamente em termos do alargamento da base social do ensino superior e da ambição de garantir que seis em cada dez jovens de 20 anos frequentem o Ensino Superior em 2030", segundo o MCTES.

"Os últimos dados oficiais mostram que, atualmente, cerca de 46% dos jovens de 20 anos frequentam o ensino superior, enquanto essa fração era apenas de 40% em 2015 e de cerca de 30% em 2005", sublinha o gabinete do ministro Manuel Heitor.

Este ano houve apenas mais oito vagas nos cursos do que em 2018. Contabilizando os concursos locais de acesso,existem 51.568 lugares nas instituições superiores. Ao todo, há 1.087 cursos nas universidade e politécnicos do país.

Os números diários, disponibilizados pelo site da Direção-Geral do Ensino Superior (DGES), revelam que em 2019 os estudantes demoraram mais tempo a fazer as candidaturas. No primeiro dia de candidaturas, que regista o maior valor, houve apenas 6.830 registos, contra os 7.462 do primeiro dia de 2018.

Apenas no final da primeira semana é que o número de registos ultrapassou os valores do ano passado, com um registo total de 24.406 candidaturas.

Ao fim do prazo de 21 dias, no total, registaram-se então 51.291 candidatos, mais 1.666 do que no ano passado. Apesar deste aumento de 3,4%, o número de registos ainda não chega aos valores de 2009, ano em que 52.812 pessoas apresentaram tentaram entrar no ensino superior.

Durante o período de crise financeira, as candidaturas caíram a pique. Em 2013 atingiram o número mais baixo da última década (40.419).

Para além da crise económica, o presidente da Comissão Nacional de Acesso ao Ensino Superior, João Guerreiro, também aponta a quebra demográfica como um fator explicativo da diminuição dos candidatos.

“As vagas têm-se mantido mais ou menos constantes e o número de candidatos tem baixado por força da demografia”, explica o antigo reitor da Universidade do Algarve, em declarações à Renascença.

Aumentar e diminuir as vagas. As novas diretivas para o ensino superior

O número de vagas é definido todos os anos e, explica o presidente da Comissão Nacional de Acesso ao Ensino Superior, “tem a ver com as prioridades nacionais e com a rede de instituições”.

Segundo as novas diretivas do Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, as universidades e politécnicos do litoral do país, com exceção de Lisboa e Porto, não podem aumentar o número total de vagas.

Da mesma forma, as instituições do interior do país, com menor densidade demográfica, podem aumentar as vagas em cursos considerados “estratégicos” para a instituição se especializar numa determinada área. Cada universidade e politécnico pode escolher até três cursos de especialização.

Os cursos com média de candidatura superior a 17 valores, em 2018, têm de aumentar as vagas entre 5 a 15% para este ano letivo. Ao mesmo tempo, as universidades e politécnicos têm de cortar 5% das vagas em cursos que não tiveram nenhum candidato com média igual ou superior a 17 valores.

Estas medidas do MCTES têm como objetivo aumentar a ingresso nas faculdades das zonas com menor densidade demográfica no país.

Sobre um possível aumento nas médias dos cursos, João Guerreiro admite que existem muitas variáveis em jogo. O aumento do número de candidatos só se reflete nas médias de acesso se esses candidatos preencherem as vagas que não foram no ano passado preenchidas.

As médias ponderadas com os exames do 11º e 12º ano também entram na equação. Por isso, João Guerreiro admite que “não é possível fazer uma apreciação perfeita daquilo que se vai passar”.

Os resultados da primeira fase do concurso nacional de acesso são conhecidos em 9 de setembro e as matrículas vão decorrer até 13 do mesmo mês.