Incêndios. Marcelo agradece apelo de bispo do Viana para liderar "campanha nacional"
21-08-2017 - 22:54

Presidente da República afirma que "com o aproximar do termo do período de incêndios a intervenção de D. Anacleto Oliveira não foi perturbadora, mas uma grande de uma ajuda".

O Presidente da República agradeceu esta segunda-feira ao bispo de Viana do Castelo o apelo que lhe lançou para liderar uma estratégia nacional contra os incêndios florestais, revela o secretariado diocesano para a comunicação social.

Na mensagem, Marcelo Rebelo de Sousa agradeceu "a ajuda" de D. Anacleto Oliveira, referindo que "a Igreja é, tantas vezes, acusada de ser silenciosa demais em vários níveis".

"Foi muito bom porque ando nesta guerra há quase um ano", diz a mensagem que o chefe de Estado enviou esta segunda-feira, cerca das 13h00, ao bispo de Viana do Castelo.

"É urgente a mobilização de todas as pessoas, sem excepção, e a começar pelos seus maiores responsáveis: o senhor Presidente da República, que, além da posição única que ocupa, tem um jeito peculiar e um prestígio suficientemente reconhecido, até para liderar a mobilização de toda a nação nesta causa nacional. Faça-o, senhor Presidente, por favor", apelou Anacleto Oliveira, no domingo, após a missa que celebrou em honra de Nossa Senhora da Agonia, padroeira dos pescadores de Viana do Castelo.

Na resposta que enviou ao bispo, Marcelo Rebelo de Sousa adiantou que muitas vezes não se vê o trabalho que faz, "só a parte mais humana e mais afectiva".

"Como imagina, a minha intervenção vai muito mais além disso e há muitos meses", referiu o chefe de Estado na mensagem.

Marcelo Rebelo de Sousa acrescentou que "com o aproximar do termo do período de incêndios a intervenção de D. Anacleto Oliveira não foi perturbadora, mas uma grande de uma ajuda".

No domingo, perante milhares de pessoas que se concentraram no cais de Viana do Castelo, de onde partiu a procissão ao mar e ao rio em honra de Nossa Senhora da Agonia, o bispo disse que a "causa nacional" contra os incêndios deve envolver "todos os governantes, nacionais e locais, com os meios que só eles podem administrar".

"Usem-nos bem, senhores governantes, como servidores, não de si próprios, mas do país, por favor", desafiou, acrescentando que a mobilização deve abranger "todos os que trabalham na salvaguarda da paz, na aplicação da justiça, no serviço do ensino e da educação".

"Nada há de mais poderoso e eficaz que um povo inteiro unido pela mesma causa, no comum modo de viver e pensar, numa mesma cultura", frisou, defendendo que "chegou a hora" de o país "gritar bem alto 'basta de fogos florestais'".

"Basta, senhor Presidente da República. Basta, senhor primeiro-ministro e restantes membros do Governo. Basta, senhores deputados, oficiais e praças das forças armadas e policiais, juízes e outros responsáveis pela justiça neste país, autarcas de Portugal inteiro, bispos e padres e responsáveis de outras religiões, todos os cidadãos deste país. Basta, de vez, com tantos fogos a queimar a nossa querida nação", afirmou.

D. Anacleto Oliveira disse o país não pode "resignar-se como se de uma fatalidade se tratasse" e exortou a uma "mudança de mentalidades", que "forme e promova uma cultura anti-incêndios".

"Uma mentalidade e uma cultura que, pelas proporções que venha a atingir e pelo domínio que venha e exercer sobre todos, eliminará, certamente e pela raiz, a mínima tentação de provocar mais incêndios", reforçou.

Para o bispo de Viana do Castelo, o que tem sido feito para acabar com os fogos "não chega", porque "país está a arder, há semanas, há meses, há anos", numa "calamidade de proporções cada vez mais alarmantes".