PSD joga ao ataque, Marcelo medeia, e PS defende-se
25-04-2016 - 14:00

As comemorações do 42º aniversário do 25 de Abril de 1974 foram marcadas pela discussão da actualidade política. A acção do governo apoiado pela esquerda parlamentar esteve debaixo de fogo do PSD.

A sessão de comemorações do 42º aniversário do 25 de Abril, ficou marcado pelo ataque duríssimo do PSD ao Governo do PS.

Paula Teixeira da Cruz, ex-ministra da Justiça, afirmou que acção da maioria parlamentar de esquerda é sustentada num "discurso pueril" e o PS executa uma governação demagógica.

"Combatamos os demagogos, os moralistas, os radicalismos de qualquer espécie, os detentores da verdade, os deslumbrados com o poder, os extremismos", concluiu a ex-ministra da Justiça, antes dos "vivas" ao 25 de Abril e a Portugal.

Teixeira da Cruz criticou ainda a falta de transparência no país. “A concertação social foi substituída por um acordo a três [partidos] na penumbra. Há falta de transparência no processo político e de escrutínio nesta Assembbleia [da República]", afirmou.

A representante do PSD disse que se está a “assistir ao discurso da intolerância, à desonestidade intelectual nos argumentos e justificações e até às atitude persecutórias dos últimos tempos, incluindo a criação de conflitos artificiais, por razões em grande parte de 'révanche' pessoal, com assalto à administração pública ou reguladores independentes".

Marcelo, o mediador

Um discurso que contrastou com o apelo de Marcelo Rebelo de Sousa. O Presidente da República havia salientado os benefícios de haver agora em Portugal dois caminhos distintos para alcançar as metas a que o país se propõe. Mas Marcelo reiterou a necessidade de haver consensos.

Também o presidente da Assembleia da República, Ferro Rodrigues, apelou para que os titulares de órgãos de soberania tenham o objectivo de "falar a uma só voz na Europa". E depois concretizou qual na sua opinião deve ser o consenso. "Em nome da Europa que queremos: uma Europa mais centrada na solidariedade social do que nas décimas das finanças públicas", especificou.

Consensos, mas que consensos?

Depois destes apelos, e já num tom mais conciliatório, o líder parlamentar do PSD, Luís Montenegro, disse que o seu partido sempre esteve disponível para consensos, ainda quando estava no Governo, preferindo responsabilizar os socialistas pela sua ausência.

"Nós não podemos receber lições de disponibilidade para o consenso de nenhuma força política. O PSD liderou o Governo quatro anos e meio, convidou o principal partido da oposição, PS, para consensos várias vezes nas mais variadas matérias (segurança social, lei eleitoral), coisa que o PS tem sucessivamente negado, primeiro na oposição, hoje mesmo exercendo a liderança do Governo", lamentou.

Na mesma linha, o porta-voz do CDS-PP João Almeida disse rever-se no discurso de Marcelo, e apontou como exemplo de consensos desejáveis a reforma da segurança social.

Já o PS, através do líder da bancada parlamentar Carlos César entendeu o discurso do Presidente da República “como um aviso muito sério àqueles que, persistindo numa oposição sem critério, recusam os consensos que são essenciais para o progresso e para o desenvolvimento económico e social do país e para a sua defesa nos contextos internacional e europeu".

À esquerda, o BE, PCP e PEV, pela voz de Catarina Martins, Jerónimo de Sousa e Heloísa Apolónia, respectivamente, preferiram não se comprometer com consensos em abstracto, mas salientaram as diferenças do discurso em relação ao anterior chefe de Estado, Cavaco Silva.

O PAN preferiu apontar soluções para o futuro do país com uma alusão ao Butão, e à construção da democracia neste país asiático, com a certeza de que a “realização e felicidade dos cidadãos não pode continuar a ser apenas proporcional à sua capacidade produtiva”.