Na contagem decrescente para esta segunda-feira, 9 de maio, uma questão ganha força: reserva Putin alguma surpresa? À falta de triunfos no campo de batalha a que argumentos irá recorrer o autocrata do Kremlin ao assinalar os 75 anos da vitória na segunda grande guerra.
Uma das possibilidades, a de Putin declarar formalmente guerra à Ucrânia, pode soar algo bizarra no Ocidente, mas ganha alguma força simbólica e prática.
Simbólica, porque desde que a Rússia de Putin esteve envolvida em combates – Chechénia em 2000, Geórgia 2004, Donbass e Crimeia 2014, Síria 2015 – nunca o Kremlin aludiu a “guerra”. O lado prático seria a lei marcial e a mobilização de mais 150 mil reservistas.
Já no plano das sanções, a União Europeia impulsiona uma sexta ronda de sanções a Moscovo, banindo todo o petróleo russo até ao final do ano. A proposta, que ainda deve vencer as reservas da Hungria, Eslováquia, Bulgária, Rep. Checa, Grécia, Chipre e Malta, não leva em conta os alertas sobre o impacto negativo da medida na economia europeia, formuladas por muitos analistas, incluindo a secretária do tesouro, Janet Yellen.
Economistas do think tank europeu Bruegel defendem que o plano europeu enriquecerá ainda mais o Kremlin pela subida de preços do barril no mercado mundial durante o período transitório antes de se aplicar as sanções (como já aconteceu esta semana). O Bruegel sustenta que, ao contrário, tarifas elevadas e flexíveis às importações russas diminuíriam as receitas de Putin sem desestabilizar os preços mundiais. Assim, os beneficiários são as multinacionais petrolíferas.
Afinal, o mero anúncio do plano de fechar a UE ao petróleo russo provocou a 4 de maio a alta imediata do barril de Brent de 105 a 110 dólares. No fecho dos mercados, na sexta, 6 de maio, cotou-se acima dos 113 dólares, 74% mais caro que há um ano e 24% mais que antes da invasão russa.
Estas são dois dos temas para a análise de Nuno Garoupa, professor da GMU Scalia Law, em Washington, Nuno Botelho, presidente da ACP – Câmara de Comércio e Indústria e do jornalista José Alberto Lemos a olharem também para o caso dos refugiados ucranianos em Setúbal e para a corrida à liderança do PSD.