Luís Filipe Vieira prejudicou o Novo Banco em 82 milhões de euros
09-07-2021 - 14:18
 • Lusa

Presidente do Benfica está detido e suspendeu as suas funções no clube encarnado.

O Ministério Público acredita que o Fundo de Resolução (FR) assumiu dívidas que não devia suportar depois de manobras financeiras do empresário e presidente do Benfica, Luís Filipe Vieira, envolvendo a sua empresa Imosteps.

Segundo documentos relativos à investigação a que a agência Lusa teve acesso, o presidente autossuspenso do Benfica prejudicou o Novo Banco em 82 milhões de euros.

Ter-se-á apropriado, por outro lado, de oito milhões de euros da Imosteps, pagos ao Novo Banco pelo FR, uma entidade criada em 2012 para apoio financeiro às medidas de resolução aplicadas pelo Banco de Portugal.

O mais mediático arguido da operação 'Cartão Vermelho' detinha 89,98% da Imosteps e comprou o restante capital, vendendo depois todas as ações ao fundo Portugal Restrutcturing por apenas um euro, o que lhe permitiu livrar-se da garantia pessoal que tinha dado para uma dívida da empresa de 54,3 milhões de euros.

Luís Filipe Vieira foi detido, na quarta-feira, após buscas, por suspeitas de crimes de abuso de confiança, burla qualificada, falsificação, fraude fiscal e branqueamento de capitais. Vieira passou as últimas duas noites deitod e será presente a primeiro interrogatório judicial e vai conhecer as medidas de coação aplicadas.

No mesmo processo foram também detidos Tiago Vieira, filho do presidente do Benfica, o agente de futebol Bruno Macedo e o empresário José António dos Santos, conhecido como “o rei dos frangos”. O caso tem o nome de "Operação Cartão Vermelho".

Vieira é uma das quatro pessoas detidas, que, segundo o Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP), são suspeitas de estarem envolvidas em “negócios e financiamentos em montante total superior a 100 milhões de euros, que poderão ter acarretado elevados prejuízos para o Estado e para algumas das sociedades”. O risco de fuga ditou as detenções.

Em causa estão “factos ocorridos, essencialmente, a partir de 2014 e até ao presente” e suscetíveis de configurarem “crimes de abuso de confiança, burla qualificada, falsificação, fraude fiscal e branqueamento”.

O secretário de Estado do Desporto e da Juventude espera que haja "eficácia e celeridade" nos processos judiciais que envolvem o presidente do Benfica.