Alojamento gratuito para médicos no Algarve "parece uma trapalhada"
12-07-2019 - 08:05
 • Renascença com Lusa

A acusação é do deputado Cristóvão Norte, na Renascença, depois da denúncia de um médico a quem o Centro Hospitalar do Algarve apenas deu a possibilidade de alojamento num quarto, a 20 euros/dia. “Inaceitável”, diz bastonário.

O Centro Hospitalar do Algarve não paga, afinal, alojamento aos médicos que queiram trabalhar na região durante os meses de verão. A denúncia parte de um anestesista à Ordem dos Médicos.

O caso é divulgado nesta sexta-feira pela agência Lusa, segundo a qual o centro hospitalar está a propor o aluguer de um quarto a 20 euros por dia – isto, apesar de, no mês passado, o Ministério da Saúde ter anunciado que a ARS do Algarve iria oferecer alojamento gratuito temporário para os médicos que quisessem ir trabalhar para a região durante o verão.

“Este ano, a novidade seria que os médicos teriam acesso a alojamento gratuito e agora ficamos a saber que, afinal, a um dos médicos, dos poucos que se mostram interessados a prestar serviço na região, o alojamento não é gratuito, é cobrado e tem ainda um conjunto de limitações que, no mínimo, são estranhas”, reage o deputado Cristóvão Norte, eleito pelo círculo de Faro.

Esta manhã, na Renascença, o social-democrata considera que “isto parece mais uma trapalhada” e dá força às críticas que tem feito às políticas de saúde do Governo.

“Os anúncios são muito poderosos, mas a fragilidade da sua realização é manifestamente evidente”, resume.

“Uma situação inaceitável”, diz bastonário dos Médicos

Miguel Guimarães, bastonário da Ordem dos Médicos, diz que se trata de “uma promessa falaciosa. Nem mais nem menos”.

E, na sua opinião, este tipo de promessas devia ser penalizada. “Há um despacho e depois há um circuito para esta situação que tem pessoas que são responsáveis”, indica o bastonário, destacando que “o responsável final é sempre a ministra da Saúde”.

“Esta situação é de facto lamentável e até diria inaceitável”, reforça Miguel Guimarães nestas declarações à Renascença, lembrando que não existe qualquer incentivo para um profissional se deslocar do seu local habitual de trabalho, em Lisboa e no Porto, e ficar “exatamente com a mesma remuneração”, tendo de arcar com “o resto das despesas todas”.

A denúncia chegou à Ordem dos Médicos pela mão de um anestesista que se candidatou para ir trabalhar para o Algarve, no âmbito do plano para suprir a falta de profissionais na região, nesta altura do ano.

A resposta que recebeu do Centro Hospitalar do Algarve foi a seguinte: "Por solicitação do serviço de anestesiologia se informa que o CHUA [Centro Hospitalar Universitário do Algarve] dispõe de alojamentos em Lagos e Faro. Nenhum dos locais, neste momento, dispõe de apartamentos. Só dispõe de quartos. O uso do quarto dá direito a uso de sala e cozinha. O preço é de 20 euros diários".