Reboleira: Centenas de pessoas esperam na rua para garantir uma colonoscopia com anestesia
24-09-2015 - 08:58
 • João Cunha

Entre os que aguardam à porta da clínica de Santo António, na Amadora, há quem se tenha plantado no local desde o final da tarde de quarta-feira. Foram entregues 400 senhas, mas só entram 50 utentes de cada vez.

A clínica de Santo António na Reboleira foi novamente assolada, esta quinta-feira, por filas com centenas de pessoas que procuram a distribuição de senhas para inscrição em colonoscopias com anestesia comparticipadas pelo Estado.

Esta manhã ,na clínica do concelho da Amadora, à hora da abertura das portas ao público, repetiu-se o cenário de caos com pessoas a amontoarem-se junto à porta principal.

Os utentes já foram informados de que só vão entrar 50 de cada vez, pela ordem das senhas distribuídas, mas, mesmo assim, as pessoas foram-se juntando à porta e ficando a olhar, à espera.

Pelo menos 400 senhas foram entregues esta quinta-feira, relativas a dois meses de exames. A diferença em relação à situação vivida em Junho, Julho e Agosto foi que, antes de Junho, foram também distribuídas senhas para marcar exames. Nesses meses, foram distribuídas cerca de 300, menos que aquelas dispensadas esta semana. Desta vez, a distribuição faz-se num período mais curto de tempo.

Entre os utentes que aguardam à porta da clínica da Reboleira há quem se tenha plantado no local desde o final da tarde de quarta-feira. É o caso de Aida Santos, que diz que não teve outra alternativa senão tentar marcar aqui o exame esta manhã.

“Não encontrava lugar nenhum onde fizessem com anestesia pela Segurança Social. Em clínicas particulares tinha que pagar tudo. Na Ordem Terceira tinha de pagar o exame - só a taxa moderadora - mas a anestesia tinha de ser à parte. E se fosse preciso alguma biópsia, teria de ser ainda outro preço”, descreve a utente.

Feitas as contas, é uma despesa superior a 500 euros, incomportável para quem ganha pouco mais do ordenado mínimo. “Fui trabalhar o dia todo e vim para aqui. Chegámos às oito menos vinte, dormimos no chão, embrulhados em cobertores, tapados com gorros, cachecóis, e, agora quando marcar, tenho de voltar a ir trabalhar outra vez, praticamente sem descansar”, diz Aida Santos. É um caso entre muitos, verificado esta quinta-feira à porta da clínica de Santo António.

Em Junho, no Parlamento, o ministro da Saúde Paulo Macedo garantia que seria alargado o número de entidades para realização de colonoscopias. Garantia o ministro, na altura, que o assunto estava a ser resolvido.

Contactado pela Renascença, o Ministério da Saúde remeteu esclarecimentos para mais tarde.