Protesto na Autoeuropa. “Esperávamos mais algumas pessoas mas o pessoal está cansado"
21-01-2018 - 14:39

Durante a manhã, os trabalhadores fizeram uma vigília contra o novo horário de trabalho que inclui os sábados.

Cerca de duas dezenas de trabalhadores da Autoeuropa e alguns familiares concentraram-se este domingo junto ao portão da fábrica de automóveis de Palmela em protesto contra o novo horário de transição imposto pela administração da empresa.

"Esperávamos mais algumas pessoas, mas ontem [sábado] a fábrica também trabalhou, o pessoal está cansado e não compareceu. No entanto, é importante saber que há um conjunto de pessoas que não aceita este horário de trabalho”, reforça Luciano Silva, do movimento Juntos pelos Trabalhadores da Autoeuropa, que convocou o protesto.

"Nos plenários foi expresso à comissão de trabalhadores [CT] que estávamos contra este modelo de horário. Em cinco plenários marcámos greve, só num dos seis plenários a greve não passou. Mas os sindicatos estão reticentes em marcar greve, e a CT, pelos vistos, não está muito do nosso lado, não sei porquê”, lamenta, considerando “importante marcar aqui uma posição e dizer que estamos contra este horário, porque é ilegal”.

Na opinião deste trabalhador que hoje foi porta-voz do movimento, a empresa deveria ponderar outros modelos para o horário transitório que irá vigorar de 29 de Janeiro a Julho deste ano, e que prevê a obrigatoriedade do trabalho aos sábados e a rotação do turno da noite de três em três semanas.

“Este horário, pela conversa, já é impossível de mudar, mas nós achamos que ainda vamos a tempo, até porque o primeiro sábado ainda não foi feito e há outros modelos que são mais benéficos para os trabalhadores”, defende.

“O modelo 6/4 é trabalharmos seis dias seguidos e descansar quatro, ou seja, tínhamos de trabalhar sábados e domingos na mesma, mas pelo menos sabíamos que estávamos em casa quatro dias", exemplifica.

Os trabalhadores que integram o movimento alegam ainda que o horário imposto pela administração é “ilegal” porque "não cumpre as 35 horas de descanso previstas no Código do Trabalho para a rotação entre turnos".

Outros trabalhadores, como Hamilton Ramos, defendem que o trabalho ao sábado deveria ser apenas em regime de voluntariado. “Não posso estar a depender dos meus pais, ou dos pais da minha esposa, para tomarem conta dos meus filhos”, justifica.

“Uma das coisas que me fez mudar para a Autoeuropa há 20 anos foi exactamente isso: trabalhar de segunda a sexta-feira. O sábado e o domingo era para estar em casa com a família. Se viesse trabalhar era remunerado por isso”, destaca ainda.

Este ano, a Autoeuropa prevê atingir uma produção de 240.000 veículos, o maior número de sempre produzidos na fábrica de automóveis da Volkswagen em Palmela.