Israel teve acesso aos planos do ataque do Hamas a 7 de outubro há mais de um ano
01-12-2023 - 00:50
 • Renascença

Um documento de 40 páginas designado de "Parede de Jericó" detalha ações que o Hamas acabou mesmo por pôr em prática no ataque de há quase dois meses atrás, que levou a um novo escalar da guerra na Palestina. O exército israelita desvalorizou a possibilidade de tais planos conseguirem concretizar-se.

Israel sabia qual seria o plano do Hamas para o ataque que aconteceu a 7 de outubro há mais de um ano, segundo relata o "The New York Times".

Numa reportagem publicada esta sexta-feira, o jornal norte-americano refere que documentos, e-mails e entrevistas demonstram que responsáveis israelitas sabiam das linhas de orientação do que seria um ataque do Hamas como aquele que acabou por acontecer a 7 de outubro.

Segundo a peça, o exército israelita terá desvalorizado a capacidade de sucesso do plano, considerando que deveria ser difícil para o Hamas executá-lo com sucesso.

Um documento de 40 páginas designado de "Parede de Jericó" detalha ações que o Hamas acabou mesmo por pôr em prática no ataque de há quase dois meses atrás, que levou a um novo escalar da guerra na Palestina.

O "The New York Times" realça que não ficou claro nesta investigação se o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu foi informado ou não deste plano e do seu potencial risco.

O jornal norte-americano cita uma troca de e-mails entre elementos dos serviços de inteligência israelita, de julho deste ano, a debater o potencial risco do aumento de manobras de treino que o Hamas realizou em preparação da operação militar a 7 de outubro.

"Recuso que este cenário seja imaginário. É um plano para começar uma guerra", avisava uma analista, citada pelo "The New York Times".

A 07 de outubro, combatentes do Movimento de Resistência Islâmica (Hamas) - desde 2007 no poder na Faixa de Gaza e classificado como organização terrorista pelos Estados Unidos, a União Europeia e Israel - realizaram em território israelita um ataque de proporções sem precedentes desde a criação do Estado de Israel, em 1948, fazendo 1.200 mortos, na maioria civis, 5.000 feridos e cerca de 240 reféns.

Em retaliação, Israel declarou uma guerra para "erradicar" o Hamas, que começou por cortes ao abastecimento de comida, água, eletricidade e combustível na Faixa de Gaza e bombardeamentos diários, seguidos de uma ofensiva terrestre que cercou a cidade de Gaza.

A guerra entre Israel e o Hamas fez até agora na Faixa de Gaza mais de 15.000 mortos, na maioria civis, e mais de 33.000 feridos, de acordo com o mais recente balanço das autoridades locais, e 1,7 milhões de deslocados, segundo a ONU.