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O Bangladesh deverá trabalhar com a agência de refugiados da ONU para determinar se mais de 3.000 refugiados rohingya aceitarão voltar a Myanmar. A notícia surge quase um ano depois de um grande plano de repatriação que fracassou.
Mais de 730 mil rohingya fugiram de Rakhine para acampamentos no Bangladesh depois de uma repressão militar em agosto de 2017, com “intenção genocida”, segundo a Organização das Nações Unidas (ONU).
Apesar de obrigados a abandonar as suas casas, muitos refugiados recusam regressar a Myanmar, com receio de enfrentar uma nova onda de violência.
"Será um exercício conjunto liderado pelo ACNUR (Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados)", adiantou à agência Reuters Abul Kalam, comissário de Repatriação e Ajuda a Refugiados do Bangladesh.
"Já negociamos com o Bangladesh a possibilidade de aceitarmos essas 3.450 pessoas a 22 de agosto", garantiu Zaw Htay, porta-voz do Governo de Myanmar, acrescentando que serão divididas em sete grupos para repatriação.
Um porta-voz do Ministério das Relações Exteriores já deu à Reuters um número de 3.540 refugiados verificados sob o plano.
Zaw Htay adiantou, ainda, que as autoridades examinaram a lista de mais de 22 mil refugiados para determinar se viveram em Myanmar e se estiveram ou não envolvidos em ataques contra militares.
A repressão de 2017 foi precedida por ataques às forças de segurança por insurgentes que se autodenominam Exército de Salvação Arakan Rohingya, um grupo classificado pelo Governo de Myanmar como uma organização terrorista.
Tentativas anteriores de persuadir rohingya a regressar a Rakhine falharam devido à oposição de refugiados. Um esforço em novembro gerou medo e confusão nos campos e, finalmente, fracassou depois dos protestos de refugiados.
Cerca de 700 mil rohingya deixaram o país e estão agora a viver em campos de refugiados no vizinho Bangladesh, naquela que é considerada uma das crises humanitárias mais graves do início do século XXI.
Em março de 2018, o Museu do Holocausto dos Estados Unidos retirou o prémio de direitos humanos atribuído a Aung San Suu Kyi, líder de Myanmar (antiga Birmânia) e Nobel da Paz em 2012, por ter falhado na resposta à perseguição dos rohingya no país.