​A China de Xi Jinping
17-11-2021 - 06:30

Xi Jinping quer mostrar a superioridade do regime chinês em reação às democracias ocidentais. Mas, por muitos progressos económicos e científicos que a China tenha realizado, duvido que algum cidadão de uma democracia estivesse disponível para trocar a sua liberdade pelo totalitarismo chinês.

Pela terceira vez na história do Partido Comunista chinês foi, agora, publicada uma história oficial do partido. Só Mao e Deng Xiao Ping o tinham feito. O líder chinês Xin Jinping quer evitar que Mao e Deng sejam apresentados como tendo opiniões divergentes. Ele faz a síntese, é o grande condutor da China como exemplo para o mundo.

Xi Jinping, que eliminou já os limites legais à sua manutenção no poder, quer uma China forte. Desde logo, no plano militar.

Assim, até 2027 devem triplicar as armas nucleares disponíveis pelos militares chineses, segundo cálculos do Pentágono americano.

É verdade que a China tem apenas um porta-aviões, mas multiplica os lança-mísseis móveis, apontados aos navios de guerra americanos que navegam na região e tentam dissuadir um ataque a Taiwan. Reside ali o maior perigo de guerra no mundo.

Nos países ocidentais desenha-se uma nova vaga de Covid-19. Xi Jinping encontrou aqui uma nova área para mostrar a superioridade da China em relação aos seus competidores ocidentais.

Assim, há mais de um ano e meio que Pequim mantem uma política que visa eliminar o vírus e não apenas controlá-lo.

O que implica fronteiras frequentemente fechadas ao exterior, inúmeros confinamentos e outras restrições, incluindo a suspensão do funcionamento de comboios, a não utilização de vacinas ocidentais (ainda que algumas sejam mais eficazes do que as vacinas chinesas), etc.

Só um regime altamente repressivo seria capaz de impor as restrições indispensáveis para concretizar esta política de eliminação do vírus. Mas é o que se passa na China, e não apenas no combate ao Covid-19.

Em boa parte porque dispõe de sofisticados meios de vigilância e controle da população, Xi Jinping lançou há meses uma ofensiva contra os que enriqueceram com a liberdade económica trazida por Deng – e que está na origem do extraordinário crescimento económico chinês registado até há poucos anos.

Ao contrário do que aconteceu com a Revolução Francesa, não se vê na China qualquer movimento, por parte dos muitos milionários criados por aquele crescimento económico, no sentido de ganharem direitos políticos.

Ao eliminar a liberdade pessoal dos chineses, impondo-lhe uma totalitária ditadura do partido e do Estado (que ali se confundem), Xi Jinping perde no desafio que ele próprio lançou às democracias liberais.

Por muitos progressos económicos e científicos que a China tenha realizado, duvido que algum cidadão de uma democracia esteja disponível para trocar a sua liberdade pelo totalitarismo chinês.