João Rodrigues sonha com o World Tour, após a conquista da Volta a Portugal
13-08-2019 - 12:45
 • Luís Aresta , Eduardo Soares da Silva

Ciclista algarvio de 24 anos não esperava vencer a 81ª edição da Volta a Portugal, ao serviço da W52-FC Porto, e abre a porta à saída para rumar a uma equipa do World Tour.

João Rodrigues não contava vencer a 81ª edição da Volta a Portugal em bicicleta. O jovem ciclista de 24 anos da W52-FC Porto admite que esperava um maior protagonismo nesta edição, face à boa prestação em 2018, mas nunca imaginou vestir de amarelo no último domingo da prova, na Avenida dos Aliados.

“Não esperava. Vim para a Volta com uma ótima preparação, porque já tinha estado ao lado dos líderes no ano passado, e era dos que mais trabalhava para o Raúl Alarcón na parte final. Sabia que iria ter um papel importante, mas daí até terminar com a camisola amarela, não estava nada à espera”, começa por dizer, em entrevista à Renascença.

O jovem algarvio venceu a quarta etapa, no Alto da Torre, momento-chave para a confiança do atleta, que apenas vestiu a camisola amarela no final da última etapa. Na sétima etapa, Gustavo Veloso perdeu a liderança para Joni Brandão, da Efapel, e João Rodrigues ficou apenas um segundo atrás.

Na penúltima etapa, na icónica subida à Senhora da Graça, João Rodrigues fugiu a Joni Brandão nos últimos metros da etpaa, e os dois ciclistas terminaram com o mesmo tempo, cenário inédito à partida para o contrarrelógio final, onde o ciclista da W52-FC Porto superiorizou-se, sagrando-se vencedor da prova.

“Um dos momentos-chave foi a vitória na Torre, que me deixou com muita confiança. Senti que era dos mais fortes na alta montanha. A partir desse momento, passei a ser dos mais protegidos na equipa, eu e o Gustavo. Tivemos os dois a queda no Larouco, e ficámos mal tratados. Não sabíamos como estávamos fisicamente. No dia seguinte, no Larouco, protegemos ao máximo, apesar de perder a camisola amarela para o Joni Brandão. Fizemos uma excelente etapa na Senhora da Graça, e decidiu-se tudo no contrarrelógio”, explica.

Salto para o World Tour? “Há rumores, mas nada está confirmado”

Após conquistar a “grandíssima”, João Rodrigues gostaria de dar o salto para uma equipa do World Tour, com rumores de uma mudança para a Movistar. Apesar de piscar o olho ao ciclismo espanhol, João garante que ainda nada está confirmado.

“Tenho a ambição de chegar a uma grande equipa, como todos ambicionam. Queremos estar no patamar mais alto, e é para isso que trabalho. Há rumores, mas nada está confirmado. Em Espanha acho que me adaptaria bastante bem, devido à proximidade e língua. Também em França. Há alguma equipas que fazem corridas mais de ‘sprint’, que não são tanto as minhas características, mas têm corridas míticas, como a Volta a França e o Paris-Nice, que gostaria de fazer”, admite.

Melhores condições de trabalho, fruto de um maior orçamento, poderiam fazer crescer o jovem ciclista, que não esconde que preferia ser segunda figura numa equipa internacional para poder disputar uma grande Volta.

“Ser primeira figura em Portugal resume-se a pouco, porque só temos a Volta a Portugal e ao Algarve, e pouco mais. Ser segunda figura lá fora significaria que poderia ir a uma grande Volta, que seria uma grande oportunidade para mim. Em Portugal, não somos tão bem pagos, mas no World Tour há orçamentos muito maiores, com melhores condições, que pagam muito mais aos atletas”, reconhece.

“Não sou portista, mas defendo o clube ao máximo”

Natural do Algarve, João Rodrigues admite que não é adepto do FC Porto. Ainda assim, mostra máximo profissionalismo na defesa das cores do clube, que ficará para sempre na sua memória.

“Não sou portista, mas defendo este clube ao máximo. Sou do Algarve, não somos tão ligados a este clube do norte, mas tendo vindo para cá, agora tenho uma grande afinidade e vai fazer parte da minha vida para sempre. Tenho um grande carinho e respeito, vou sempre dar o meu melhor em prol desta equipa”, explica.

Pinto da Costa, presidente do clube, marcou presença na etapa da Serra do Larouco. João Rodrigues admite a proximidade do representante máximo do emblema à equipa, que esteve presente em duas etapas.

“O presidente adora ciclismo. Sempre que pode, está presente para dar uma palavra de apoio e força. Confia bastante em nós, sabe a nossa qualidade e que fazemos tudo para dar o melhor. No dia em que ele foi, perdemos a amarela, mas estávamos debilitados da queda. Depois da etapa não falámos, estava muita chuva e nevoeiro, e muita confusão. Antes, esteve nos quartos a falar connosco. Esteve no último dia para nos dar força”.

João Rodrigues e toda a equipa da W52-FC Porto estarão, esta terça-feira, no Estádio do Dragão, durante o intervalo da partida contra o Krasnodar, para serem homenageados após a prestação na Volta a Portugal.