Detenções na Defesa. Sargentos pedem investigação "até às últimas consequências"
06-12-2022 - 18:51
 • Pedro Mesquita , Rosário Silva

Cinco pessoas foram detidas esta terça-feira na sequência das buscas que foram feitas no Ministério da Defesa. Em causa estão vários ajustes diretos, de que são exemplo as obras de hospital militar de Belém.

O presidente da Associação Nacional de Sargentos (ANS), António Lima Coelho, considera que a “Operação Tempestade Perfeita”, desencadeada esta terça-feira, deve ser levada “até às últimas consequências”.

Em causa, adianta a PJ em comunicado, estão suspeitas de crimes de corrupção ativa e passiva, peculato, participação económica em negócio, abuso de poder e branqueamento de capitais.

Em declarações à Renascença, Lima Coelho diz-se mais “desgostoso”, do que surpreso.

“Mais do que surpreendido fiquei, mais uma vez, desgostoso, porque a Defesa Nacional deveria estar isenta deste tipo de situações”, afirma, lamentando que casos como este, continuem a acontecer nas Forças Armadas.

“Demasiados e há demasiados anos, o que deve fazer-nos refletir que tipo de situações pretendemos para uma área tão sensível como é a da Defesa Nacional”, refere.

Por outro lado, o presidente da ANS, considera “pouco correto”, o “aproveitamento politico/partidário” que se está a fazer da situação, tanto mais que os casos em causa “atravessam vários governos de vários partidos com responsabilidades”.

Para Lima Coelho, o que é fundamental “é que se vá ao fundo da questão, e que de uma vez por todas a Defesa Nacional possa ter nos seus destinos gente responsável, em que este tipo de situações, não aconteçam ou não tenham, sequer, possibilidade de acontecer”.

Por isso mesmo, defende, é necessário conduzir a investigação “até às últimas consequências”.

“A Defesa Nacional e os cidadãos que nela prestam serviço, não podem ficar todos debaixo deste tipo de capas, porque a Defesa Nacional é algo demasiado importante para a independência e para a soberania nacionais”, remata o presidente da ANS.

No decorrer da "Operação Tempestade Perfeita" foram realizadas 59 buscas, repartidas pelas zonas de Lisboa, Porto, Alter do Chão, Almada e Comporta, envolvendo 200 inspetores da Polícia Judiciária (PJ) acompanhados por um juiz e dois procuradores do Ministério Público.

O esquema sob investigação passava alegadamente por adjudicações efetuadas por um organismo público a várias empresas, lesando o Estado em "muitos milhares de euros".

Foram detidas cinco pessoas e outras 19 foram constituídas arguidas.

Em comunicado, o Ministério da Defesa Nacional reafirmou a sua total colaboração com as autoridades em tudo o que lhe for solicitado.

Questionado pela Renascença sobre a que ramos das Forças Armadas pertencem os detidos nesta operação e que cargos ocupavam, o Gabinete do Chefe de Estado Maior das Forças Armadas remeteu esclarecimentos para o Ministério da Defesa Nacional.