Mais de 100 ativistas, jornalistas e políticos alvo de ataques de "spyware"
16-07-2021 - 00:18
 • Lusa

Segundo a Microsoft, o software em causa foi produzido por uma empresa israelita.

Mais de 100 ativistas, jornalistas e políticos de vários países do mundo foram alvo de ataques informáticos através de software malicioso de espionagem, produzido pela empresa israelita Candiru, no sistema operativo Windows, informou esta quinta-feira a Microsoft.

Cerca de metade das vítimas encontravam-se em território palestino e as restantes em Israel, Líbano, Iémen, Catalunha, Reino Unido, Turquia, Arménia e Singapura.

Aproveitando as vulnerabilidades do Windows, "hackers", a operar na Arábia Saudita, Israel, Hungria, Indonésia e noutros países, compraram e instalaram o software de espionagem remota fabricado pela Candiru.

O software - que se designa por "spyware" e recolhe informações pessoais e de navegação na Web - foi usado em "ataques contra computadores, telefones, infraestruturas de rede e dispositivos conectados à Internet", afirmou o diretor-geral da Unidade de Segurança Digital da Microsoft, Cristin Goodwin.

Alertada por investigadores de segurança cibernética do Citizen Lab da Universidade de Toronto, no Canadá, a Microsoft lançou programas de proteção digitais [patches], na terça-feira, para corrigir as fragilidades do Windows.

De acordo com um comunicado publicado esta quinta-feira, ao qual a Lusa teve acesso, a Microsoft não cita a Candiru e diz que o software será da empresa Sourgum.

"Acreditamos que a Sourgum é um ator ofensivo do setor privado de Israel [...].A Sourgum geralmente vende armas cibernéticas que permitem aos seus clientes, muitas vezes agências governamentais em todo o mundo, invadir computadores, telefones, infraestruturas de rede e dispositivos conectados à Internet", pode ler-se no comunicado.

Segundo o Citizen Lab, as investigações permitiram novas observações sobre o custo dos negócios na indústria de spyware.

Por 16 milhões de euros, os clientes da Candiru podem comprometer um número ilimitado de dispositivos, mas estão limitados a rastrear 10 de cada vez, de acordo Citizen Lab. Por um valor extra de 1,5 milhão de euros, os compradores podem monitorar mais 15 vítimas.

A Candiru tem clientes na Europa, Rússia, Médio Oriente, Ásia e América Latina, segundo o jornal israelita Haaretz.