Greve dos motoristas mantém-se após reunião de 10 horas
17-08-2019 - 09:16
 • Renascença com agência Lusa

Este sábado cumpre-se o sexto dia de paralisação. Porta-voz do sindicato diz não poder concordar com aquilo que não é “um bom acordo” e que é igual ao oferecido à FECTRANS e ao SIMM, que já suspendeu a greve.

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Falhou o acordo para a suspensão da greve dos motoristas de matérias perigosas. Após 10 horas de negociação, o porta-voz do sindicato, Pedro Pardal Henriques, anunciou a decisão.

"Trabalhámos em conjunto com o senhor ministro uma proposta que seria razoável para desbloquear a situação. A Antram rejeitou a proposta e a greve mantém-se", afirmou no final da reunião.

“Chegámos aqui a um consenso razoável e foi enviado para a Antram esse consenso; o senhor ministro conversou com a Antram sobre isto e a Antram disse que a única proposta que aceitaria era o sindicato aceitar a proposta que já foi aceite pelos outros sindicatos. Isso não é negociar, isso é impor uma condição que nós achamos que não é um bom acordo para os nossos sócios”, defendeu ainda.

"Não aceitamos essa proposta, porque não podemos concordar com aquilo que não entendemos ser um bom acordo", resumiu.

Por seu lado, o porta-voz da Associação Nacional de Transportadores Públicos Rodoviários de Mercadorias (Antram) considerou que a proposta que o sindicato apresentou ao Governo é "incomportável para as empresas" e discriminatória para os associados dos outros sindicatos do setor.

“A proposta que foi apresentada pela Antram ao SIMM e à FECTRANS vai além dos protocolos para melhor, como já foi aqui realçado ontem e no dia anterior por ambos os sindicatos”, começou por explicar André Matias de Almeida aos jornalistas.

“Aquilo que foi a contraproposta deste sindicato representa 40% a mais no subsídio de operações do que aquilo que foi acordado com o SIMM e com a FECTRANS e, por mais que essas empresas queiram fazer esse esforço, é incomportável”, concluiu.

A Antram espera agora que, no plenário que o SNMMP vai realizar no domingo, em Aveiras de Cima, "haja uma sensibilização dos associados [do sindicato] e que possam compreender que as empresas estão no seu limite".

Em cima da mesa estiveram propostas do sindicato e da associação empresarial, mas persiste o desacordo entre as partes, explicou o ministro das Infraestruturas e da Habitação, Pedro Nuno Santos, no final da maratona de negociações.


A reunião entre Pedro Nuno Santos e os representantes do SNMMP começou cerca das 16h00 de sexta-feira, no Ministério das Infraestruturas e da Habitação, em Lisboa, e terminou perto das 2h00 deste sábado.

Numa entrevista publicada esta manhã pelo semanário “Expresso”, o primeiro-ministro garante que o Governo está disponível para adotar todas as medidas para que o país não pare, caso seja prolongada a greve.

"Uma coisa é certa: até agora, o planeamento e as medidas tomadas garantiram que o país não parou. E o país não vai parar. Estamos disponíveis para adotar todas as medidas que venham a ser necessárias para garantir esse objetivo", garante António Costa na entrevista, dada antes da reunião entre o SNMMP e o Governo.

A greve começou na segunda-feira, dia 12 de agosto, por tempo indeterminado.

A paralisação foi inicialmente convocada pelo SNMMP e pelo Sindicato Independente dos Motoristas de Mercadorias (SIMM), mas este sindicato desconvocou o protesto na quinta-feira à noite, após um encontro com a Antram sob mediação do Governo.

A greve foi convocada com o objetivo de reivindicar junto da Antram o cumprimento do acordo assinado em maio, que prevê uma progressão salarial.

No final do primeiro dia de greve, o Governo decretou uma requisição civil, parcial e gradual, alegando incumprimento dos serviços mínimos que tinha determinado.