Produtores de gado do Planalto Mirandês pedem água do Douro para manter explorações
13-04-2019 - 21:27
 • Agência Lusa

Seca que assola a região está a deixar as explorações pecuárias sem alternativa viável para manter os animais.

Os produtores de gado ovino do Planalto Mirandês reclamam água do rio Douro para combater a seca que assola a região, que está a deixar as explorações pecuárias sem alternativa viável para manter os efetivos.

"A água tem sido pouca nos últimos três anos. Só na minha exploração, com um efetivo de cerca de 300 cabeças de ovinos de uma raça, tida como autóctone, como é o caso da Churra Galega Mirandesa, tive de abrir oito charcas. A alternativa passa por captar água no rio Douro para sustentar o efetivo", disse este sábado à Lusa o presidente da Associação de Criadores de Ovinos de Raça Churra Mirandesa, Tiago Sanches da Gama.

O também produtor de ovinos garante que se têm feito tentativas de abrir furos artesianos, sem sucesso.

"Os lençóis freáticos estão sem capacidade de reserva, devido à seca que já dura há três anos e a solução passa por captar água no rio Douro manter a capacidade das explorações ", frisou o dirigente agrícola.

Tiago Sanches da Gama atira que a alternativa passa por captar água no rio Douro, que corre em grande parte, no concelho, a menos de um quilómetro de distância.

"Já se fala numa barragem para regadio, no norte do concelho de Miranda do Douro e temos de começar a pensar em bombar água do rio Douro", acrescentou o responsável à margem do concurso nacional de gado ovino de Raça Churra Galega Mirandesa, que hoje decorreu em Malhadas, em Miranda do Douro.

Já Duarte de Castro Alves, um produtor de Prado Gatão, no concelho de Miranda do Douro, com um efetivo de 350 cabeças de gado, garante que as produções se vão mantendo "por carolice dos criadores".

"Trata-se de uma raça autóctone e temos que a manter. Mas precisamos de ajudas", vincou o produtor.

Por seu lado, o criador Ezequiel Raposo lembra que a chuva dos últimos dias foi pouca e não deu para "tapar o buraco de um dente".

"Os lameiros não ganharam humidade necessária para manter a erva necessária. Os vales estão secos e ir buscar ao rio Douro não é descabido", enfatizou o produtor de gado.

Os ovinos de raça Churra Mirandesa são 6.270 repartidos por 70 produtores. Por seu lado, os bovinos de raça mirandesa têm um efetivo de 5.500 animais, repartidos por 320 produtores, outras das raças autóctones de relevo, no Nordeste Trasmontano.

"Começamos a ficar preocupados devido à falta de água. Por esta altura do ano, já deveria ter chovido, as sementeiras estão feitas e os nossos lameiros, que alimentam o gado, não têm erva suficiente", especificou a secretária técnica da Associação Nacional de Criadores de Ovinos de Raça Churra Mirandesa, Andrea Cortinhas.