OMS critica vacinação lenta na Europa e pede novas restrições
01-04-2021 - 09:30
 • Lusa

Diretor da OMS Europa diz que "a situação regional é a mais preocupante", lembrando que as vacinas são a melhor saída para a pandemia".

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A Organização Mundial de Saúde (OMS) critica a lentidão "inaceitável" da vacinação contra a Covid-19 na Europa, que enfrenta a "mais preocupante" situação epidémica em meses.

“O ritmo lento da vacinação prolonga a pandemia”, lamentou o braço europeu da organização das Nações Unidas, sublinhando que o número de novos casos na Europa aumentou fortemente nas últimas cinco semanas.

As vacinas são a nossa melhor saída para a pandemia. Não só funcionam, mas também são muito eficazes na limitação de infeções. No entanto, a aplicação dessas vacinas está a decorrer a uma lentidão inaceitável”, disse o diretor da OMS Europa, citado num comunicado de imprensa.

"Precisamos acelerar o processo aumentando a produção, reduzindo as barreiras à entrega da vacina e usando qualquer dose que tivermos em ‘stock’", disse Hans Kluge.

“Atualmente, a situação regional é a mais preocupante que temos observado há vários meses”, disse o responsável.

Na região da OMS na Europa, que inclui cerca de 50 países, incluindo a Rússia e vários Estados da Ásia Central, o número de novas mortes ultrapassou 24.000 na semana passada e está "rapidamente" a aproximar-se da marca de um milhão, segundo a organização.

O número semanal de novos casos chegou a 1,6 milhão. Há apenas cinco semanas, os números haviam caído para menos de um milhão, apontou a OMS.


Novas restrições são “necessárias”

"A situação na região é agora mais preocupante do que vimos em vários meses", disse a diretora regional da OMS para Emergências na Europa, apontando o dedo ao avanço da variante britânica e ao esperado aumento da mobilidade na semana da Páscoa.

"Muitos países estão a introduzir novas medidas (de combate à pandemia) que são necessárias e todos devem segui-las tanto quanto possível", acrescentou Dorit Nitzan.

Na sua opinião, também existem "riscos associados" ao "aumento da mobilidade" e às reuniões nestes feriados da Páscoa.

Um total de 27 países europeus aplicam atualmente restrições de intensidade variável, dos quais 21 impuseram recolher obrigatório. Nas últimas duas semanas, 23 Estados endureceram as medidas para conter a propagação da pandemia, enquanto 13 abrandaram as restrições.

Segundo o diretor regional da OMS para a Europa, Hans Henri Kluge, "agora não é hora de relaxar".

"Não podemos ignorar o perigo. Todos temos que fazer sacrifícios, não podemos permitir que a exaustão nos derrote. Devemos continuar a conter o vírus", disse Kluge.

Na sua opinião, na situação atual, a "ação rápida" e a implementação de "medidas sociais e de saúde pública" são necessárias até que avance a campanha de vacinação.

Europa é a segunda região com mais casos do novo coronavírus

A OMS considerou que os encerramentos da vida pública e da atividade económica deveriam ser usados "enquanto a doença exceder a capacidade dos serviços de saúde para cuidar adequadamente dos pacientes e para acelerar a provisão dos sistemas de saúde locais e nacionais".

A Europa é a segunda região com mais casos do novo coronavírus. O número total de positivos gira em torno de 45 milhões e o número de mortos é próximo a um milhão, segundo dados da OMS.

Um total de cinquenta países da região já indicaram que a variante B.1.1.7, inicialmente detetada no Reino Unido, é a que predomina em seus territórios.

A pandemia provocou, pelo menos, 2,8 milhões de mortos no mundo, resultantes de mais de 128,1 milhões de casos de infeção, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.