MP quis "deturpar os factos" e "manipular a Justiça", acusa advogado de Sócrates
09-04-2021 - 23:43
 • Lusa

Pedro Delille ainda não analisou a decisão do juiz Ivo Rosa, mas referiu ter dúvidas sobre se o Ministério Público vai, efetivamente, recorrer da decisão instrutória conhecida esta sexta-feira.

O advogado de José Sócrates, Pedro Delille, acusou o Ministério Público de ter tido a “intenção de deturpar os factos” e de “manipular a Justiça” na acusação do processo Operação Marquês, alegando que “não há erros deste tamanho”.

“Não há erros deste tamanho, nem dos senhores procuradores que fizerem a acusação e a investigação, nem dos investigadores que estiveram na acusação, nem do doutor Carlos Alexandre quando interveio no processo”, afirmou o advogado, em entrevista ao canal TVI24.

Segundo o advogado do ex-primeiro-ministro, a acusação da Operação Marquês teve a “intenção de deturpar os factos, de manipular a Justiça e de se servir do poder da Justiça para fazer perseguição política, económica e financeira”.

Pedro Delille, que assegurou que ainda não analisou a decisão do juiz Ivo Rosa, referiu ainda ter dúvidas sobre se o Ministério Público vai, efetivamente, recorrer da decisão instrutória conhecida hoje sobre este processo judicial.

“Eu não sei se vai haver um recurso”, disse o advogado, alegando que, se “não quiser ser mais arrastado”, o Ministério Público vai refletir se deve deixar o processo “ir para julgamento como está”.

Dos 189 crimes que constavam na acusação, só 17 vão a julgamento, mas o procurador Rosário Teixeira, responsável pelo inquérito, anunciou que ia apresentar recurso da decisão para o Tribunal da Relação de Lisboa.

Na mesma entrevista, o advogado de defesa de José Sócrates adiantou também que o juiz Ivo Rosa “tem um histórico de ser perseguido em relação a decisões” que toma, o que “nunca tinha acontecido em Portugal”.

“Nunca, em Portugal, se viu um juiz, sem qualquer razão para isso, ser vítima da perseguição que o doutor Ivo Rosa foi”, disse.

Pedro Delille referiu também que na decisão de hoje ficou esclarecido que a distribuição do processo ao juiz Carlos Alexandre “indiciava ter sido criminosamente conseguida”.

“A primeira nota da Operação Marquês, dois ou três meses antes da prisão, foi uma distribuição indiciariamente criminosa feita a um juiz, ao arrepio de todas as normas legais e das próprias ordens de serviço do Conselho Superior de Magistratura”, disse.