​E depois de Loures?
26-09-2017 - 18:08
 • Susana Madureira Martins

Como líder do PS, Costa acusa o PSD e o seu líder de falta de sentido de estado, mas na pele de primeiro-ministro quer que os sociais-democratas participem num consenso sobre a estratégia para o país.


Perante mais de 700 militantes socialistas, que pagaram “15 rosas”, ou seja, 15 euros pelo jantar no Pavilhão Paz e Amizade, em Loures, António Costa fez esta segunda-feira o seu discurso mais inflamado desde que começou a campanha oficial para as autárquicas.

Com a pergunta “que PSD é este?”, o secretário geral do PS abordou as polémicas dos últimos meses – incêndio de Pedrógão e o furto de armas de Tancos – para concluir que “este PSD não é digno de um Estado democrático” e acusar o líder social-democrata, Pedro Passos Coelho, de “falta de sentido de Estado”. Precisamente a mesma acusação que Passos Coelho lhe tinha feito naquela manhã, em entrevista à Renascença, a propósito da forma como o Governo tem lidado com as armas desaparecida de Tancos.

O candidato do PSD à Câmara de Loures, André Ventura, foi o mais presente dos ausentes no pavilhão Paz e Amizade. Depois das declarações que fez sobre os ciganos e sobre a pena de morte, o líder socialista viu em Ventura um “balão de ensaio” para uma estratégia populista da direcção nacional social-democrata.

Menos de 12 horas depois, esta terça-feira de manhã, às 8h45, António Costa estava em Odivelas a apanhar o Metro na linha amarela para deslocar-se até ao Rato. Ainda ouviu um cidadão cigano indignado com André Ventura.

No final o secretário-geral socialista falou com os jornalistas para lhes dizer que aquela viagem tinha um significado: pôr os autarcas e o país a pensar na estratégia de Portugal do pós-2020 e a importância do envelope financeiro comunitário para desenvolver a rede de metro em Lisboa e no Porto.

Mas, na pele de primeiro-ministro, António Costa já disse que quer que esta estratégia seja aprovada no Parlamento, com uma maioria de dois terços, o que manifestamente implica ter a viabilização do PSD.

Mas e depois de Loures?