Igreja deve valorizar mulheres na teologia, defende o Papa
17-11-2018 - 18:36
 • Ângela Roque

Na entrega do ‘Prémio Ratzinger’, Francisco afirmou que é preciso reconhecer “cada vez mais” o contributo das mulheres na investigação teológica e no ensino da teologia, áreas consideradas durante muito tempo como “territórios quase exclusivos do clero”.

Considerado o Nobel da teologia, o ‘Prémio Joseph Ratzinger’ é atribuído anualmente, desde 2011, pela Fundação Vaticana que tem o nome do Papa Emérito. Este ano foi atribuído à teóloga alemã Marianne Schlosser, que se tornou a segunda mulher a receber o galardão. Mas, pelo segundo ano consecutivo o prémio também se dirigiu ao campo das artes de inspiração cristã, tendo distinguido o arquiteto suíço Mario Botta.

Na cerimónia de entrega do prémio o Papa Francisco sublinhou este sábado a “herança cultural e espiritual” de Bento XVI, e encorajou os galardoados a estudarem os escritos do Papa Emérito e a enfrentarem os” novos temas com que a fé é chamada a dialogar, como o cuidado da criação da Casa comum e a dignidade da pessoa humana”.

Dirigindo-se a Marianne Schlosse, o Papa fez questão de sublinhar a presença e o papel das mulheres no ensino da teologia na atualidade. “É muito importante que seja reconhecida cada vez mais a contribuição feminina no campo da pesquisa teológica científica e do ensino da teologia, por muito tempo considerados campos quase exclusivos do clero”, afirmou Francisco, acrescentando que “é necessário que essa contribuição seja incentivada e encontre mais espaço, coerentemente com o aumento da presença feminina nos vários âmbitos de responsabilidade da Igreja, em particular, e não somente no campo cultural”.

O Papa sublinhou igualmente a importância do prémio ter sido atribuído a Mario Botta, considerando que “o compromisso do arquiteto criador de locais sagrados na cidade dos homens é de grande valor e deve ser reconhecido e incentivado pela Igreja, em particular quando se corre o risco do esquecimento da dimensão espiritual e da desumanização dos espaços urbanos”.

Mario Botta, nascido em 1943, é responsável por vários edifícios religiosos, sendo notório o seu interesse pela “categoria do sagrado”. Marianne Schlosser, teóloga alemã nascida em 1959, é professora na Universidade de Viena, e distinguiu-se pela sua investigação sobre a Baixa Idade Média e sobre a figura de São Boaventura, a quem Joseph Ratzinger dedicou grande atenção. Em 2014, o Papa Francisco nomeou-a para a Comissão Teológica Internacional.