Sábado, 4 de Abril de 2020


Perante a morte,

o céu chora as nossas lágrimas.

Fui apanhada de surpresa.

A leitura rápida de uma mensagem acabada de chegar,

deixou-me parada, à porta de casa.

Procurei um número, ouvir a voz amiga que queria

consolar e abraçar. E falámos nesta distância contida

em que vivemos.

Repetimos memórias, jantares partilhados, sorrisos e abraços.

Era especial, a minha amiga. Mas os amigos são isso mesmo, pessoas

especiais na nossa vida. Tinha sempre uma palavra alegre, uma presença

fiel a cada encontro marcado, a cada convite lançado.

Foi então percebi que não podia estar presente neste ultimo encontro.

Não podia estar ali, ao seu lado, perto dos seus. Não podia…

Meu Jesus, quando voltarmos a andar nas ruas, quando o mar ficar do azul transparente

do céu, quando nos pudermos abraçar porque felizes na alegria e consolados na dor,

quando tudo voltar a ser como foi, ajuda-nos a celebrar a vida da Celeste!

Mesmo que voltem as lágrimas e que a dor renasça, consola-nos a Fé,

consola-nos o céu, que chorou as nossas lágrimas, e onde a minha amiga

já conhece o encontro prometido.


Isabel Figueiredo