O presidente da Associação Comercial do Porto, Nuno Botelho, diz que “falhou tudo” nos incêndios desta semana no norte e centro do país. Os fogos florestais representam “um falhanço e uma inoperância total do Estado em matéria de prevenção, de resposta, e de segurança dos seus cidadãos”.
No habitual espaço semanal na Renascença, Nuno Botelho defende que o país “tem de aprender com os erros” e mudar, porque, “desde 2017 [incêndios de Pedrogão] parece que nada foi feito, nada mudou e há muito para mudar”.
"Depois da da fuga dos cinco reclusos da cadeia de Vale de Judeus”, acontece “este incidente com os fogos, que é algo mais ou menos recorrente, mas que não podemos normalizar”, e que “demonstra, de uma vez por todas e cada vez mais, a incapacidade do Estado português de corresponder às suas funções mais básicas e mais essenciais: proteger pessoas e bens”.
O presidente da Associação Comercial do Porto sublinha a necessidade de “existir uma análise muito concreta por parte do Governo, seja do Ministério da Administração Interna, seja do próprio gabinete do Primeiro-Ministro, sobre o que é que correu mal e o que é possível melhorar”.
Nuno Botelho diz que do pouco que foi feito nos últimos sete anos, “nada resultou”.
“Se tivermos em conta que 80% da população portuguesa vive na faixa litoral entre Viana do Castelo e Setúbal, percebemos que grande parte do território português está desertificada, sem qualquer gestão e sem qualquer ordenamento. A culpa, não sendo deste governo, é de sucessivos governos que desistiram de valorizar o interior porque não dá votos”, por isso, o empresário e jurista lamenta que “só se lembrem do interior quando estas tragédias acontecem”, o que, na sua opinião “é lamentável”.
Não houve falha na gestão política
Num outro plano, Nuno Botelho desvaloriza o facto de a Ministra da Administração Interna só na quinta-feira ter falado sobre os incêndios.
"O primeiro-ministro deu a cara pelo Governo e, portanto, não tem que aparecer mais nenhum ministro a dar a cara”. Não houve falha nenhuma nesta matéria”, diz.
“Além disso, pelo que foi possível apurar, a senhora ministra foi acompanhando todas as operações”, sublinha.
Norte
Plano Draghi: "Mário Draghi apresentou um relatório sobre a competitividade da economia da União Europeia. Assumiu, com coragem, aquilo que chamou um desafio existencial para a União. Draghi fala na emissão conjunta de dívida de 800 mil milhões de euros para apostar na produção industrial que promova o crescimento a 6% da Europa, o reforço das interligações elétricas e a aposta nas energias renováveis. Eu chamo a atenção para o facto de as empresas, na Europa, pagarem duas a três vezes mais fatura elétrica do que as suas concorrentes americanas e chinesas. Não é possível competir desta forma. Parabéns, Mario Draghi. "
Desnorte
Campanha de Donald Trump: "Donald Trump prossegue numa campanha de provocações e boatos. Eu diria mesmo de mentiras, apostando tudo numa numa estratégia de divisão do eleitorado. Quem assistiu ao debate em que falou sobre imigrantes haitianos comerem cães e gatos dos habitantes de Springfield, percebeu isso. Trump não consegue apresentar uma ideia. Não consegue apresentar um projeto para a América a não ser que vai correr quase 'à paulada', desculpem-me a expressão, com os imigrantes dos Estados Unidos. Isto não é uma ideia para o país. É, de facto, lamentável. É, de facto, uma pessoa estranha. É uma pessoa complicada. É uma pessoa com muito poder, mas sem nenhuma noção de responsabilidade e de ética. "