O paradoxo de Trump
06-09-2023 - 07:05

Quanto mais Trump é acusado pela justiça mais sobem as sondagens a seu favor. É a estratégia de vitimização que Trump pôs em execução, com habilidade. Entretanto vários assaltantes do Capitólio receberam pesadas penas de prisão.

Donald Trump é alvo de uma série de processos em tribunal. Enfrenta dezenas de acusações criminais. No entanto, quanto mais é acusado mais sobem as sondagens a seu favor.

Este aparente paradoxo explica-se pela capacidade de Trump de se fazer de vítima, tarefa em que tem apurado o seu populismo. Trump contra os corruptos e bandidos que mandam na América, é a imagem que ele quer transmitir. Por isso a fotografia dele a ser incriminado foi transformada em arma de campanha eleitoral.

Como é típico num populista, Trump considera que os seus problemas na justiça são obra do odiado presidente Joe Biden e da própria máquina judicial, que ele classifica de corrupta e de sua inimiga. A independência judicial, que existe nos EUA, não tem sentido para Trump. “Se for novamente Presidente, vai prender gente?”, perguntou-lhe um jornalista. "Não há alternativa, porque é o que querem fazer connosco", respondeu Trump.

O partido republicano, que foi o partido de Abraham Lincoln, está hoje sob quase total domínio de Trump. Recentemente realizou-se um debate televisivo com os candidatos a candidato do partido republicano à eleição presidencial, menos Trump – que já age e fala como vencedor dessa corrida no partido republicano.

Foi perguntado pelo moderador aos intervenientes no debate se, caso não fossem escolhidos, apoiariam a candidatura de Trump. Em oito, seis afirmaram que sim, apoiariam. Entre estes contava-se, por exemplo, Mike Pence, que foi vice-presidente de Trump em 2017-2021 e que nessa qualidade – honra lhe seja - teve o encargo de certificar a eleição de J. Biden, o que lhe valeu os piores impropérios de Trump.

Uma das mais graves acusações judiciais a Trump é ter promovido o assalto ao Capitólio (onde se situam o Senado e a Câmara dos Representantes), em 6 de janeiro de 2021, para impedir que J. Biden tomasse posse, alegando fraude. Ora já foram detidas mais de mil pessoas por acusações relacionadas com esses acontecimentos; cerca de 630 admitiram a sua culpa em tribunal e vários já receberam pesadas penas de prisão. São os mártires do combate de Trump contra as instituições da democracia americana.