Vitória de Portugal disfarça falhas perigosas. "A errar assim, a seleção não vai chegar longe"
24-11-2022 - 21:00
 • Renascença

Os comentadores da Renascença Silas, José Nuno Azevedo, Rui Miguel Tovar e Nuno Presume analisaram a primeira exibição de Portugal no Campeonato do Mundo do Qatar.

Portugal venceu, mas não convenceu. É a conclusão dos comentadores da Renascença após a estreia da seleção nacional a vencer, por 3-2 frente ao Gana, no Campeonato do Mundo.

Silas, treinador de futebol, fala em "sinais de alerta", embora assuma a natural satisfação pelo resultado: "Poderíamos não ter ganho este jogo, sobretudo quando já estava decidido".

"O primeiro golo é um erro defensivo de um dos médios que não acompanha. O segundo é um erro displicente do Cancelo. Acabamos quase a levar o terceiro numa desconcentração do Diogo Costa. São demasiados erros para um jogo de Mundial, em que deveríamos estar muito mais concentrados, temos de ser mais frios na análise dos lances e eficazes", atira.

O treinador, que conta com passagens pelo Belenenses SAD, Sporting, Famalicão e AEL Limassol, para além de ter sido internacional português enquanto jogador, acredita que com equipas mais fortes, Portugal terá mais dificuldades se jogar da mesma maneira.

"Não vamos apanhar sempre equipas como o Gana. Se quisermos ir longe, vamos apanhar equipas muito mais fortes. Com estes erros, vamos sempre sofrer e haverá um jogo que não vamos marcar", afiança.

José Nuno Azevedo acredita que a desconcentração em momentos de conforto no resultado é "um dos males que padecemos há muito tempo".

"O Diogo Costa fica no chão uns segundos e há um relaxamento que não pode acontecer em alta competição. Acho que jamais sofrerá uma situação idêntica até ao fim da carreira, acho que se vai recordar sempre. Estes erros não podem ser repetidos. Com estes erros, Portugal não vai chegar longe na competição", prevê.

Nuno Presume fala em dependência do jogo ofensivo dos laterais - João Cancelo e Raphael Guerreiro frente ao Gana -, para desequilibrar no ataque.

"Portugal depende dos laterais e isso não aconteceu por mérito da linha de cinco defesas do Gana. Estiveram os dois aquém do que era preciso. E é fundamental não ter 11 jogadores que recebam em apoio frontal. Se tivermos quatro na frente que venham buscar bola e ninguém esticar a linha defensiva, fica fácil para quem defende. Caso contrário, é tranquilidade plena e acho que foi o aconteceu para o Gana", diz.

Já Rui Miguel Tovar fala num "jogo muito lateral, sem profundidade e sem incomodar o guarda-redes, que deveria ter sido colocado mais à prova".

"É o mal histórico de Portugal, futebol sem balizas. Marcamos três golos quando encontramos a nossa forma de estar. É nesse Portugal que acredito. Gosto do Rafael Leão, embora seja inocente por vezes, é portentoso e com defesas destas é um elemento que vai desequilibrar no ombro a ombro", termina.

Fernando Santos tem estratégias a afinar, mas pouco tempo para resolver os problemas. A seleção joga frente ao Uruguai já na próxima segunda-feira, às 19h00, jogo que terá relato na Renascença do Carlos Dias no Qatar e acompanhamento, ao minuto, em rr.sapo.pt.