Comemoração da reforma protestante será de acção de graças e penitência
01-06-2016 - 19:41

Em Outubro, o Papa Francisco encontra-se com o líder da Federação Luterana Mundial e partilhará o palco com a chefe da Igreja Luterana da Suécia para assinalar os 500 anos da reforma de Lutero.

A comemoração dos 500 anos da reforma protestante será uma ocasião para católicos e luteranos fortalecerem os laços, darem graças pelo muito caminho que já trilharam rumo à unidade desejada e pedir perdão pelas falhas de parte a parte que conduziram à ruptura.

O Papa Francisco estará presente na cerimónia que terá lugar na catedral da diocese de Lund, na Suécia, no dia 31de Outubro próximo e vai encontrar-se com o bispo que lidera a Federação Luterana Mundial (FLM), o palestiniano Munib A. Younan. Estará presente também o bispo católico de Estocolmo, Anders Arborelius, e Antje Jackélen, a bispo luterana de Estocolmo e primaz da Igreja Luterana da Suécia.

Segundo um comunicado divulgado esta quarta-feira pela Santa Sé, a comemoração será marcada por um carácter de acção de graças e de penitência. “A comemoração católica-luterana dos 500 anos da Reforma está estruturada à volta dos temas de acção de graças, penitência e compromisso para com testemunho comum. O objectivo é expressar os dons da Reforma e pedir perdão pela divisão perpetuada pelos cristãos de ambas as tradições”.

No dia 31 de Outubro haverá dois eventos complementares. Uma celebração ecuménica na catedral de Lund, cidade onde foi fundada a Federação Luterana Mundial, em 1947, e um evento para o público em geral na Arena de Malmo, onde cabem até 10,000 pessoas.

A Reforma protestante foi o resultado de vários factores, mas teve como ponto de ruptura a publicação das 95 teses de Martinho Lutero no dia 31 de Outubro de 1517. A crise que resultou acabou por dividir a Cristandade europeia em dois, com o norte a separar-se de Roma e o sul a manter-se fiel ao Papa. O centro da Europa foi palco de várias perseguições e guerras religiosas.

A ideia de comemorar a Reforma em conjunto tem sido alvo de grande polémica, com alguns sectores católicos a manifestar incredulidade com a ideia de se celebrar algo que dividiu a Igreja até hoje, mas Roma tem insistido que, mais do que uma “celebração”, trata-se do assinalar uma data marcante numa altura em que já existe diálogo e relações amistosas entre a maioria das comunidades protestantes e a Igreja Católica.

Nas palavras do bispo católico de Estocolmo, “será feita história quando o Papa Francisco e os líderes da FLM visitarem Lund e Malmo, para nos encorajar a todos a caminhar mais longe rumo à unidade cristã”.

Também o líder da FLM se mostra esperançoso que o evento permita melhorar o testemunho conjunto no futuro. “Há poder quando as comunidades conseguem ultrapassar o conflito. Em Cristo somos encorajados a servir neste mundo em conjunto. Esta comemoração conjunta é um testemunho ao amor e à esperança que todos temos pela graça de Deus”.

"Ao concentrarmo-nos em conjunto na centralidade da questão de Deus e numa abordagem centrada em Cristo, luteranos e católicos terão a possibilidade de comemorar de forma ecuménica, não apenas de forma pragmática, mas com um profundo sentido de fé no Cristo crucificado e ressuscitado”, diz o cardeal Kurt Koch, presidente do Conselho Pontifício para a Promoção da Unidade dos Cristãos.