Baixinho fecha ciclo no Paços para abrir porta do estrangeiro
05-07-2022 - 11:30
 • Eduardo Soares da Silva

Depois de sete anos no clube, o experiente central e capitão de equipa decidiu deixar o Paços em busca de "uma mudança e novos objetivos". Numa despedida emocionada, recorda os melhores momentos no clube com o qual experiencou uma descida de divisão e uma qualificação europeia.

Na última década, o Paços de Ferreira passou por todos os momentos possíveis num clube de futebol. Inaugurou uma nova bancada, desceu à II Liga, foi campeão e voltou a subir, foi à Europa, jogou frente ao Tottenham e teve outras épocas de maior sofrimento.

Na maioria dos jogos desta jornada, há um denominador comum: a presença de Marco Baixinho em campo.

No entanto, esse ciclo terminou. O defesa central chegou ao clube com 26 anos e despede-se nesta temporada, aos 32, com quase 200 jogos realizados pelo Paços.

Numa carreira marcada pela estabilidade de longos períodos no Carregado, Mafra e Paços, Baixinho decidiu não renover contrato com o Paços.

Em entrevista à Renascença, assume que o objetivo passa por procurar uma oportunidade no estrangeiro pela primeira vez na carreira, admitindo que o fator financeiro também pesa nesta fase da carreira.

Já é difícil imaginar o Marco Baixinho sem a camisola do Paços. Quais as primeiras sensações depois da saída do clube?

Foi muito complicado, especialmente esta última semana. Foram muitas emoções, muito nostálgico. Quando estava a fazer as mudanças, confesso que me vieram as lágrimas aos olhos. Faz parte, é o fechar de um ciclo muito bonito. Fui muito feliz, foram lágrimas de felicidade pelos bons momentos que vivi.

Chegou a ser noticiado que estariam a negociar a renovação. Optou por sair para ter uma nova experiência?

Acho que foi por aí, estava mesmo a precisar de sair e de uma mudança, ter novos objetivos. Achei que seria o momento certo para ir para fora, conhecer novos campeonatos. Como é óbvio, no estrangeiro quase sempre se é mais recompensado do que em Portugal. Senti que era a minha oportunidade.

O objetivo é ter a sua primeira experiência no estrangeiro?

Sim, passa por aí. Não fecho portas cá, mas o meu primeiro objetivo é ir para fora.

Já tem alguma proposta mais concreta?

Ainda nada em concreto, algumas abordagens, mas nada concreto.

A parte financeira é importante nesta fase da carreira? Tem 32 anos, nunca saiu do país. Um bom contrato nesta altura é um fator importante?

Claro que é sempre importante o fator financeiro, a nossa qualidade de vida. Não estou numa idade em que possa escolher propriamente o campeonato onde vou jogar.

Já tenho 32 anos, tenho que tentar viver ao máximo o futebol e tirar o máximo proveito do jogo, que é o que me faz feliz. Se puder aliar uma boa compensação, é sempre bom.

Prepara-se para mudar de clube pela primeira vez em sete anos. Fez a carreira toda em três emblemas: Carregado, Mafra e Paços. É um momento de nervosismo e ansiedade?

Ainda nem caí bem em mim. Estamos habituados às rotinas há tanto tempo. Parece que me está a faltar alguma coisa, mas temos de nos adaptar. Assim que comece a treinar, as coisas passam.

No Paços experiencou praticamente tudo. Desceu de divisão, foi campeão da II Liga, foi à Europa, estreou-se nas provas europeias, jogou contra um gigante como o Tottenham. Foi uma caminhada completa? Faltou algo?

Acho que passei por tudo, foi uma passagem perfeita. As coisas perfeitas têm sempre altos e baixos. No final, fui muito feliz, as coisas correram de maneira perfeita. Houve quedas, houve uma equipa a levantar-se, sofremos e festejamos. É a alegria do futebol.

Qual o melhor momento no Paços?

O que me fica mais marcado foi a minha estreia na I Liga, foi num Paços-Académica, e também o jogo com o Tottenham. Os dois jogos contra eles, toda a eliminatória foi especial, mas principalmente o jogo em casa em que vencemos. Só quem jogou esse jogo sabe o que sentimos ali dentro.

O Paços tem condições para fazer uma época tranquila?

Acho que sim. Ainda não estão lá todas as caras, ainda devem vir mais jogadores, mas é uma equipa que está muito bem orientada. O mister César fez um trabalho incrível, a equipa tem crescido muito e os jogadores gostam muito dele, o que é importante.

Pretende jogar até que idade? Já pensou no pós-carreira?

Hoje em dia, ser jogador já não é como na década de 90, em que havia o treino de manhã e não se fazia mais nada. A profissão hoje absorve-nos muito. Já tentei pensar mais no futuro, mas também preciso de me focar na profissão, se quero estar ao mais alto nível na profissão. Tento manter-me saudável o máximo de tempo possível.

Acha que poderia ter dado o salto na carreira para um clube de maior dimensão? Chegou a ter oportunidade para tal?

Tive oportunidades de ir para fora, mas nunca chegou a acontecer. Tinha outros objetivos, temos sempre os objetivos de ir à seleção, de jogar num grande. O objetivo de ir à seleção vou ter até deixar de jogar.

Vamos estabelecendo metas conforme a realidade em que estamos. Quando chegar a um novo clube, terei novos objetivos, mas quando tinha 20 anos, eram esses os meus sonhos.

Qual o jogador mais difícil de marcar?

Escolho o Luis Díaz, gostei muito de o defrontar. Da minha equipa, foi um prazer jogar e treinar com o Nico Gaitán, surpreendeu-me muito.