Henrique Raposo: "O que penso do Congresso do PSD? Vou votar no CDS"
19-02-2018 - 10:21

Raposo vê Rui Rio como "um glaciar" e diz que "este PSD não é nada". Jacinto Lucas Pires detecta "laivos de substância" no discurso de Rio, mas não vê nele "uma visão global".

"Perguntam-me o que achei do Congresso do PSD e eu repondo 'vou votar no CDS'". É desta forma que Henrique Raposo aborda, no programa Carla Rocha - Manhã da Renascença, a reunião magna social-democrata do fim-de-semana.

"Sou daqueles eleitores clássicos de direita, que hesita sempre entre votar PSD ou CDS. Normalmente, são questões de pormenor que decidem o meu voto, porque, na minha cabeça, estou sempre a votar no mesmo bloco político-partidário. Em 2019, não vou ter essa hesitação. Claro que vou votar CDS", diz Raposo.

Para o comentador da Renascença, "Rui Rio está a transformar o PSD, novamente, no Clube dos Inadiáveis", recordando que este foi "um bloco dentro do PSD que quis destruir Sá Carneiro, porque não tolerava a ideia de haver uma direita assumida a governar o pais".

Elencando nomes desse movimento da história do PSD, Henrique Raposo lembra "Mota Pinto, Sousa Franco, Magalhães Mota e outras personagens que hoje parecem personificadas por Rui Rio e Pacheco Pereira".

"Claro que eles têm as suas ideias, mas são contrárias às minhas. Portugal precisa de um bloco de centro-direita que faça concorrência ao bloco da esquerda. Não precisa deste PSD que não é peixe nem carne, que não é nada", aponta.

"Rui Rio fala em fazer acordos com Costa e o PS, mas vai fazer acordos em posição de fraqueza. Não se percebe bem o que quer, não entendo. Rio é um glaciar, não me recordo de ver tão pouco entusiasmo à volta de um líder político", remata Henrique Raposo.

Jacinto Lucas Pires: "Laivos de substância"

Jacinto Lucas Pires, que debate com Raposo, ás segundas e quartas-feiras, no programa Carla Rocha - Manhã da Renascença, diz, por seu lado, que o discurso de Rui Rio revelou "laivos de substância", nomeadamente, "nas ideias económicas e na ideia de descentralização, em nome de um país que deve ser menos paroquial".

Todavia, Lucas Pires critica dois falhanços do novo líder do PSD, neste congresso: "Havia duas coisas que precisava de fazer e não fez. Uma era conseguir unidade interna, mas não o fez, visivelmente, porque é publico que as feridas não sararam. Outra era encontrar uma visão mobilizadora, que mobilizasse para fora".

Para Jacinto Lucas Pires, nenhuma ideia de Rio "foi sintetizada em formas politicamente criativas", pelo que a sua intervenção "não transmite uma visão global, sistemática ao país".

O "caso Elina"

A indicação de Elina Fraga, antiga bastonária da Ordem dos Advogados, para uma das vice-presidências da nova comissão política constituiu um dos casos da reunião do fim-de-semana, com a contestação a ser bem evidente com os assobios e vaias de delegados e convidados.

Para Henrique Raposo, a escolha de Fraga representa "uma provocação ao anterior líder do partido".

"É uma personagem que me parece uma espécie de Marinho Pinto, naquele tipo de populismo muito antissistema. Foi resgatada por Rio para fazer uma espécie de pirraça ao passismo e isso não ajuda nada a unidade do partido", acrescenta.

"Não concebo a ideia de que a escolha tenha resultado de um erro", remata Henrique Raposo.

Por sua vez, Jacinto Lucas Pires não valoriza excessivamente o episódio: "Não tenho grande opinião, mas, se era para dar um sinal de que as coisas mudaram, o sinal está dado. Se era para encontrar unidade, foi um tiro na água."