Impedir que a violência se torne banal
13-03-2018 - 18:00

“Toda a vida é sagrada”, diz o Papa Francisco repetidas vezes, consciente de que a escuta deste mundo está viciada, dependente de tantas realidades que comprometem a defesa da vida.

Todos sabemos que na história de cada século e de cada nação há gente com nome e rosto que exerce a violência ou sofre, vitima de violência. Na história de cada século e de cada nação, podemos identificar determinados períodos, locais exatos, podemos até rever imagens e testemunhos. E o mundo critica, sofre, procura tirar lições do passado, faz promessas públicas, exerce o direito de defender a vida, de qualquer forma de violência e perseguição.

Mas são palavras que esbarram na verdade de uma atualidade marcada pela banalidade da violência. O que é algo assustador.

Na vizinha Espanha, uma mulher mata uma criança com nome próprio, Gabriel, cujo sorriso nos faz sorrir também, e enfrenta câmaras e microfones, com um à vontade que choca qualquer pessoa.

Na longínqua Síria, as crianças nascem e morrem em ambiente de guerra, atiradas para a frente de batalha, quando deviam estar na escola a aprender, deviam brincar, crescer com direito à vida.

No nosso país, a violência doméstica insiste em permanecer nas primeiras páginas, como se fosse uma realidade inevitável.

“Toda a vida é sagrada”, diz o Papa Francisco repetidas vezes, consciente de que a escuta deste mundo está viciada, dependente de tantas realidades que comprometem a defesa da vida.

Parece quase uma luta inglória, mas há algo que é possível: não permitir que os atos de violência se tornem acontecimentos banais. Não permitir a indiferença e o silêncio perante o exercício pessoal ou coletivo da violência sobre terceiros, de um modo particular sobre os mais indefesos, os mais pobres, os mais novos e os mais velhos.