​Juncker: Europa é um projecto de paz
28-09-2018 - 14:33

No programa desta semana, começamos por atravessar o Atlântico e analisar a posição europeia na Assembleia-Geral da ONU, mas o Brexit e a (falta de) pressão europeia sobre o regime venezuelano também são analisados no Visto de Bruxelas desta semana.

Na quarta-feira começou em Nova Iorque a sessão da Assembleia Geral das Nações Unidas, que reuniu centenas de chefes de Estado e de Governo. Donald Trump voltou a dizer que os Estados Unidos só vão ajudar os países que respeitem a política norte americana e que sejam amigos dos norte americanos.

Na véspera, na cimeira da paz com que as Nações Unidas comemoraram o centenário do nascimento do líder histórico sul-africano Nelson Mandela, o presidente da Comissão Europeia tinha criticado o unilateralismo e o protecionismo.

Jean Claude Junker lembrou que a União Europeia nasceu da vontade dos que regressaram do campo de batalha em 1945, e vincou a ideia de que a União Europeia é um projecto de paz e que a Europa deve assumir as responsabilidades dessa vocação pacificadora e estar presente no mundo. Jean-Claude Juncker defendeu regras comuns e não a lei do mais forte, regras comuns para a gestão do planeta, um planeta que é de todos e não apenas de alguns, disse Juncker. Por isso, a União Europeia defenderá sempre o multilateralismo: “O multilateralismo é e será a linha directriz da nossa acção no mundo. Não existe unilateralismo e proteccionismo felizes. O mundo precisa de abertura, de cooperação, de regras e princípios para resolver os conflitos, para erradicar a pobreza, para reduzir as desigualdades, para desenvolver um comércio livre e justo criador de empregos e de novas oportunidades para todos”.

Ora esta é uma visão europeia nos antípodas do que defendeu Donald Trump. A mensagem parece ser dirigida ao presidente norte americano e aos que defendem uma visão nacionalista na política, protecionista no comércio e fronteiras fechadas.

O presidente da Comissão apelou à defesa das instituições multilaterais como as Nações Unidas, precisamente onde fez discurso numa homenagem a Nelson Mandela. Juncker transmitiu ainda o apoio da União Europeia a António Guterres nas reformas que o secretário geral da ONU pretende fazer para modernizar a instituição.

Brexit: what else?

Esta semana o congresso do Partido Trabalhista britânico aprovou uma moção que admite um novo referendo sobre o Brexit. Isto horas depois do “ministro-sombra” do Labour para a saída do país da União Europeia, ter declarado que “permanecer na União é uma opção”.

A Primeira-ministra Theresa May respondeu acusando os trabalhistas de não estarem a defender o interesse nacional, mas a verdade é que até dentro do seu próprio Partido Conservador parece estar cada vez mais isolada. E, para acrescentar ainda mais achas para esta fogueira, é conhecido um estudo que mostra que se houvesse um segundo referendo do Brexit, 52% dos britânicos votavam a favor da manutenção do Reino unido na União Europeia.

Venezuela: Assis pede tomada de posição por parte da UE

A Venezuela foi tema analisado neste Visto de Bruxelas depois de o eurodeputado Francisco Assis ter pedido uma tomada de posição por parte da União Europeia e uma pressão política sobre as autoridades Venezuelanas. O eurodeputado socialista diz que se isso não funcionar, então Bruxelas deve agravar as sanções ao regime de Caracas.

Na análise de Francisco Sarsfield Cabral, a actual situação na Venezuela vem complicar ainda mais as relações com a União Europeia, que em Junho impôs sanções à vice-presidente e a outras 11 pessoas por violações dos direitos humanos e atividades contrárias à democracia e ao Estado de direito. Depois, em Agosto, houve uma troca de acusações entre Caracas e Bruxelas quendo a União Europeia pediu uma investigação transparente sobre a tentativa de ataque que Nicolas Maduro foi alvo, com o Governo venezuelano, na resposta, a acusar a União Europeia de manter uma "retórica irracional e colonialista".


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