Professora percorre mais de 100 km por dia para dar aulas de Inglês
23-09-2015 - 18:34
 • Liliana Carona

O 3.º ano de escolaridade tem pela primeira vez inglês obrigatório. Para completar o horário, os directores atribuem todas as turmas do primeiro ciclo a um só professor. A Renascença dá conta de um desses exemplos.

Catarina Ortigão tem 41 anos, dá aulas há 18 e chega pela primeira vez ao Agrupamento de Escolas de Gouveia para leccionar duas horas de inglês por semana, em cada uma das oito escolas do concelho. Sai de Viseu, onde vive, e no final do dia contabiliza mais de 100 quilómetros (km) feitos.

“Devem ser oito ou nove escolas que percorro”, diz Catarina Ortigão. “Desloco-me de Viseu para aqui [Gouveia] e depois pelas aldeias. Foram à volta de 120 km que fiz.”

É uma correria com poucas pausas. A primeira paragem é a Escola Básica do 1.º Ciclo de Gouveia. Para trás, ficam os primeiros 40 km.

Ainda da parte da manhã, sai de Gouveia para Paços da Serra, a 10 km. “Mais uma escola”, diz, com cansaço na voz.

Catarina espera vir a receber ajudas de custo por parte do Ministério da Educação.

“Ainda não tive conhecimento oficial dessa situação, mas espero bem que sim, porque é a gasolina, portagens e depois o meu almoço, que tenho que levar comigo. A maioria das escolas não tem cantina, são muitas despesas”, revela a docente.

Gouveia, São Paio, Folgosinho, Melo, Lagarinhos, Vila Nova de Tázem, Moimenta da Serra e Paços da Serra. São as oito escolas que Catarina Ortigão terá que percorrer para ensinar inglês às crianças da terceira classe.

Não é caso único no distrito da Guarda. A Renascença contactou outros professores na mesma situação, mas recusaram contar a sua história.