Dez momentos da noite eleitoral. Maioria absoluta, Ventura "em esteroides" e uma saída histórica do parlamento
31-01-2022 - 02:05
 • João Carlos Malta

A segunda maioria absoluta do PS, o PSD que encheu, encheu, até os resultados rebentarem as expetativas, e um CDS de partida depois de mais de 40 anos no Parlamento. Tudo isto temperado com um Chega com uma subida vertiginosa, e os liberais a afirmarem-se e a ultrapassarem os partidos de esquerda.

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Uma noite de grandes emoções com dramatismo q.b. Se a vitória do PS era uma possibilidade, a maioria absoluta parecia uma miragem. Os portugueses transformaram-na em realidade e António Costa pode ficar na história como o primeiro-ministro que governou uma década em Portugal.

Mas se houve alegria na noite eleitoral, também houve tristeza. O CDS sai do Parlamento e Francisco Rodrigues dos Santos saiu do partido. Uma demissão em direto. Catarina Martins e Inês Sousa Real também vão ter vida difícil após resultados dececionantes.

Rui Rio pode também não sobreviver a um resultado que foi pífio para as ambições que tinha e a expectativa que as sondagens criaram.

Recorde a noite eleitoral em 10 momentos.

Mapa cor-de-rosa de roteiro para a maioria do PS

O grande vencedor da noite é sem a menor dúvida o Partido Socialista. António Costa sai reforçado com uma vitória histórica. Ganha em todos os distritos de Portugal Continental. Transformou o país num mapa cor-de-rosa. O PS tem 117 deputados eleitos, e deve chegar aos 119. Ainda assim, não bate a maioria de Sócrates, em 2005, que elegeu 120 deputados, e teve quase 2,6 milhões de votos.

Costa acabou a noite levado em ombros pelo povo socialista e a prometer que “maioria absoluta, não é poder absoluto”.

António Costa pode ficar na história como o primeiro-ministro mais tempo em funções, num total de dez anos.

Laranja com pouco sumo

As sondagens apontavam que o PSD poderia disputar taco-a-taco estas eleições com o PS, mas isso não aconteceu. E o líder Rui Rio acabou mesmo a noite a pôr a hipótese de colocar o lugar à disposição.

“Não estou a ver como posso ser útil ao PSD”, apesar de estar “numa perspetiva de serviço” sempre disponível para o partido.

Chega(ram) ao terceiro lugar

O Chega assume-se como o terceiro partido mais votado em Portugal. André Ventura consegue ter mais 320 mil votos em dois anos. O Chega consegue eleger em oito distritos. E embalado por uma subida vertiginosa, Ventura assume-se como “a verdadeira oposição em Portugal”.

O PSD fica com uma votação muito idêntica à de 2019 em termos percentuais, e deverá ficar com 78 deputados.

As sondagens chegaram a pôr o terceiro lugar como alvo de grande disputa, mas a verdade é que a Iniciativa Liberal ficou a quase 120 mil votos de distância

Há mais 200 mil liberais

A Iniciativa Liberal é outra das grandes vencedoras da noite. Os liberais conseguiram eleger oito deputados. Há mais 200 mil portugueses a votar na IL desde 2019. Braga, Porto, Lisboa e Setúbal foram os distritos em que o partido conseguiu eleger mandatos.

Eucalipto socialista seca PCP e BE

A maioria do PS foi o eucalipto eleitoral que secou PCP e Bloco de Esquerda. O Bloco perde 14 deputados em dois anos. O partido de Catarina Martins teve quase menos 250 mil votos.

A coordenadora dos bloquistas assumiu a derrota: "Este é também um mau resultado por causa do resultado que teve a extrema-direita e o Chega e devemos abordar isso com clareza. Cada deputado racista eleito no Parlamento português é um deputado racista a mais”.

Os comunistas ficam com um grupo parlamentar reduzido a metade. Passam de 12 para seis deputados.

Ponto final do CDS no Parlamento. Haverá parágrafo?

O CDS fica de fora do Parlamento, algo que nunca tinha acontecido desde 1974. Um momento negro na história dos centristas. Há mesmo quem já agite a ideia de que o partido pode acabar. E na reação do líder Francisco Rodrigues dos Santos chegou também a notícia da primeira demissão da noite.

O líder sai pela porta pequena da liderança que tinha assumido há dois anos. Não o fez sem lembrar todos os que o abandonaram, tendo ele prometido que nunca abandonaria o CDS.

Verdes caem maduros

A queda do PCP também fez cair os Verdes do Parlamento. O partido ecologista que faz coligação com os comunistas na CDU fica assim de fora da Assembleia da República.

PAN volta à fórmula inicial

O PAN esteve quase para ficar de fora da Assembleia da República. Perdeu quase 80 mil votos. Inês Sousa Real adiantou que a direção do partido “terá fazer a sua reflexão dos resultados” – ou seja, pode estar de saída. Voltam a 2015 quando André Silva entrou no Parlamento.

Livre de regresso

O Livre volta ao Parlamento com um deputado. Rui Tavares conseguiu a eleição, mas não terá hipótese de ativar a sua “ecogeringonça”. O historiador diz que desta vez, o partido esta para ficar.

Sem entradas, só saídas

Se há dois anos entraram no Parlamento três novas forças políticas, desta vez não só não houve novas entrada, como houve duas saídas: CDS e Verdes.